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MONSTRO DE SORRISO

Delegado detalha como chegou ao autor da chacina: “Sabíamos que era um criminoso em série”

Patrícia Neves

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Durante o julgamento de Gilberto Rodrigues dos Santos, acusado da chacina que vitimou uma mãe e suas três filhas em Sorriso, o delegado da Polícia Civil Bruno França, responsável pela condução do inquérito, prestou um depoimento forte e repleto de detalhes sobre o caso que chocou o estado. Gilberto enfrenta o júri popular, nesta quinta-feira, pelas mortes de Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e de suas três filhas: Miliane (19), Manuela (13) e Melissa (10), registrado em novembro de 2023. Além dos quatro feminicídios, Gilberto também responde por estupro contra Cleci e as duas filhas mais velhas.

Segundo o delegado, a Polícia Civil foi acionada pelo Corpo de Bombeiros, que informou a descoberta de corpos de mulheres em uma residência da cidade. Inicialmente, a equipe de plantão imaginou se tratar de vítimas relacionadas ao tráfico de drogas, mas, ao saber que os corpos estavam dentro de uma casa, Bruno descartou essa hipótese. Ao chegar ao local, relatou ter ficado em choque com a cena e ordenou imediatamente o isolamento da área até a chegada da perícia.

Com a equipe pericial, constatou-se que nada havia sido subtraído da residência, o que afastava a possibilidade de latrocínio. As evidências no local indicavam que os crimes tinham motivação sexual e se tratavam de feminicídios cometidos com extrema violência.

Diante da brutalidade da cena, o comandante da Polícia Militar foi chamado, e buscas começaram nas redondezas para tentar localizar o autor. Havia uma série de vestígios importantes no local, como marcas de chinelo deixadas na casa. Durante as diligências, o delegado foi abordado por um jornalista que lhe passou um telefone com uma mulher na linha. Ela relatou que seu marido trabalhava na obra ao lado da residência das vítimas e que, ao descobrirem os corpos, todos os pedreiros foram olhar a movimentação, exceto um: um homem de camiseta amarela, comportamento que chamou atenção.

Na obra, Bruno França encontrou Gilberto, que se mostrou confuso nas respostas e apresentou apenas uma cópia do documento. Questionado sobre o chinelo que usava – cuja marca havia sido identificada na cena do crime, Gilberto negou inicialmente ter chinelo, mas depois foi até outro local buscar um par, entregue ao perito, que confirmou: era compatível com as pegadas encontradas. A partir dali, o delegado teve certeza de que estava diante do autor do crime.

Pouco depois, investigadores informaram ao delegado o histórico de crimes de Gilberto, o que confirmou ainda mais a suspeita. “A gente já tinha certeza de que ele era o autor e agora a gente sabia que era um criminoso em série”, afirmou Bruno França.

Questionado sobre os motivos do crime, Gilberto respondeu apenas que “estava drogado”. O delegado pediu uma algema para realizar a prisão, mas foi orientado a não algemar o réu em público para evitar um possível linchamento, já que a população já estava agitada. O próprio Gilberto demonstrou medo da reação e pediu que fosse retirado do local em segurança. Ele foi escoltado até a viatura sem algemas e conduzido à delegacia, onde foi interrogado.

Durante a revista em seus pertences, uma calcinha limpa foi encontrada em sua sacola. Segundo o delegado, o item foi entendido como uma espécie de “lembrança” do crime, reforçando o grau de perversidade do réu. Ainda no interrogatório, Gilberto descreveu os crimes com uma frieza que chocou os investigadores. “Contava como se fosse uma pescaria, com uma tranquilidade assustadora”, disse Bruno França, acrescentando que a única emoção demonstrada por ele foi tristeza por ter sido preso.

Segundo o delegado, da obra onde Gilberto trabalhava era possível ver o interior da casa das vítimas. Ele teria observado a rotina da família por dias antes de agir. “Ele monitorava a casa e aguardou que as vítimas estivessem em repouso para invadir”, explicou.

Um andaime com uma tábua posicionada junto ao muro dos fundos permitia o acesso ao interior da casa, o que possivelmente foi o caminho utilizado pelo réu. O acesso pela frente era mais difícil, já que a casa tinha cães bravos, o que dificultava qualquer aproximação sem ser notado.

Bruno França também afirmou que, após cometer os crimes, Gilberto ainda teve frieza de se lavar na casa das vítimas e tentar ocultar os vestígios. A perícia concluiu que houve conjunção carnal com três das quatro vítimas. A exceção foi a criança de 10 anos, que, apesar de não ter sofrido estupro, foi vítima de abuso e assassinada porque, segundo o próprio réu confessou, seu choro poderia atrair atenção de vizinhos.

“Não houve só premeditação. Houve esforço posterior para tentar apagar os rastros do crime. Ele fez isso de forma consciente”, afirmou o delegado. Ao final do depoimento, Bruno destacou o impacto do caso sobre toda a cidade: “Essa cidade nunca mais vai ser a mesma. Ninguém daquela casa vai ser a mesma pessoa depois disso.”

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