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Tomada da Bastilha: “Não é uma rebelião, senhor, é uma revolução”

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A principal diferença entre “rebelião” e “revolução” está no nível intelectual da mudança que está sendo buscada. Enquanto a rebelião representa o movimento, a revolução começa com uma ideia, e busca uma mudança social fundamental na estrutura de poder, geralmente de forma violenta e popular. É por isso que, quando Luís XVI acordou no Palácio de Versalhes em 15 de julho de 1789 e perguntou ao duque de Rochefoucauld-Liancourt se era uma rebelião, ele respondeu: “Não, senhor, não é uma rebelião, é uma revolução”. Ele estava se referindo ao que aconteceu no dia anterior, 233 anos atrás, um dia histórico que marcou o sinal de partida para a Revolução Francesa.

O povo da França não decidiu pegar em armas da noite para o dia, mas, como qualquer evento histórico, teve seu próprio processo, suas razões e seu gatilho. Especialmente em Paris havia um grande clima de inquietação e medo, fruto das más colheitas, que causavam grandes problemas de subsistência e elevavam os índices de pobreza. Ao mesmo tempo, o rei estava mobilizando tropas ao redor da capital com ordens para ocupá-la, então as tensões aumentavam. E o que finalmente levou à mobilização foi a demissão de Jacques Necker. Luís XVI, sob o conselho dos nobres que formavam sua câmara pessoal, demitiu seu ministro das Finanças, o que foi tomado pelos parisienses como uma prova clara de que houve um golpe da parte mais conservadora da Corte.

Com isso, em 12 de julho, inúmeras concentrações começaram a ser vistas em Paris, carregando conceitos como “liberdade”, “nação”, “terceiro Estado”, “constituição”… e desfilaram em uma manifestação massiva, com o busto de Necker coberto com um véu. Eles depositaram suas esperanças neste ministro e, vendo que de repente essa esperança lhes foi tirada, não viram outra maneira senão reagir. Assim eles chegaram ao dia chave, o ponto de virada e início da Revolução Francesa, e pelo qual ainda hoje, desde 1880, se comemora o Dia Nacional da França: em 14 de julho de 1789 a Bastilha foi tomada.

Às 10 horas daquele dia, cerca de 100.000 franceses invadiram o Hotel des Invalides, um hospital militar a oeste de Paris, onde 30.000 fuzis eram guardados. Levaram todos, sob o olhar dos guardas, junto com 12 canhões, e seguiram para a Fortaleza da Bastilha, do outro lado da cidade, para recolher a pólvora.

O lugar funcionava como uma prisão, no entanto, a Bastilha foi originalmente usada como fortaleza de batalha durante a Guerra dos Cem Anos (1337–1453) e só começou a receber prisioneiros em 1417.

Durante seu funcionamento, eram mandadas para lá as pessoas que se revoltassem contra o rei. Invadi-la não apenas foi útil para os revolucionários obterem pólvora, como também para aumentar o sentimento de libertação no povo.

A multidão marchou por três quilômetros e meio até a fortaleza, com armas, pequenos canhões e o que mais pudessem usar. Chegaram ao local por volta das 11 horas da manhã e ali mesmo algumas delegações foram formadas para falar com o Marquês de Launey, governador da Bastilha. Launey era um coronel sem manchas no histórico militar e de pouca relevância, mas era autoritário tanto com prisioneiros quanto com seus soldados. Mais tarde, foi descrito como um “déspota orgulhoso e estúpido”.

Em certo momento, a guarnição da fortaleza abriu fogo contra o povo, mas a multidão aumentou sitiando o lugar. No calor do momento, dois membros da Guarda Francesa optaram pela deserção e se juntaram ao povo. A participação dos soltados amotinados foi fundamental, já que a multidão não sabia como usar a artilharia que roubaram. No final daquela tarde, a Bastilha estava sob o fogo dos revoltosos. Launey até tentou parar os ataques com o blefe de que explodiria os armazéns de pólvora, acabando com boa parte da região leste de Paris. E, como isso não funcionou, entregou a fortaleza no final da tarde. Nos eventos finais da queda da Bastilha, apesar da multidão, menos de 1 mil pessoas entraram no lugar. Mais tarde essas pessoas receberam o título de Vainqueurs de la Bastille (vencedores da Bastilha).

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