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Depois de Míriam Leitão, Tiririca vira imortal da Academia Brasileira de Letras

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(Paulo Polzonoff Jr., publicado no jornal Gazeta do Povo em 02 de maio de 2025)

 

Uns dirão que é decadência; outros, que é decadênsia. Seja lá como for, o fato é que, neste texto e pelo andar da carruagem, depois de Míriam Leitão os velhinhos de fardão perderam a mão, mandaram praquele lugar a tradição e, num ato que alguns dizem ser de gratidão e outros de transgressão e revolução, quando não de devassidão (intelectual!), elegeram Tiririca para a Academia Brasileira de Letras. Isso é o que eu chamo de consagrassão!

Coube ao presidente da instituição, Merval Pereira (que fase!), anunciar o nome do mais novo imortal: Francisco Everardo Oliveira Silva, 60 anos, cearense de Itapipoca e conhecido por deixar sua impressão (digital) em tudo o que assina. “A obra do senhor Tiririca, principalmente em seu épico ‘Florentina’ é um marco da oralidade brasileira e do lirismo popular, abestado”, disse Merval, arrancando reflexivos meneios de cabeça dos jornalistas ali presentes.

Oruam e Matuê

E disse mais, o presidente da ABL e comentarista da GloboNews. Disse que, depois de Paulo Coelho, Gilberto Gil, Fernanda Montenegro e Míriam Leitão, é natural que a instituição centenária fundada por Machado de Assis aceite membros cada vez mais intelectodivergentes. Tudo em nome da inclusão. “Queremos que todos os Oruams e Matuês da vida saibam que eles são bem-vindos na ABL”, disse.

Ainda de acordo com Merval Pereira, dentro da Academia a expectativa é grande para o preenchimento das duas vagas que foram abertas depois que os imortais Marcos Vilaça e Heloísa Teixeira perceberam que não é bem assim, a imortalidade é simbólica e tal, não basta vestir o fardão, tem que se cuidar, tomar vitaminas, comer fibras, fazer exercícios, etc., e mesmo assim uma hora ela chega para todos.

Lula lá (na ABL)

Nas bets, as apostas já começaram. Por enquanto, o favorito é Lula. Que, se eleito, seguirá a tradição iniciada por Getúlio Vargas. Janja é outra forte concorrente. Sem esquecer o rei da CAIXA ALTA E DOS PONTOS DE EXCLAMAÇÃO!!!!!!!!!. Estou falando, claro, de Alexandre de Moraes. O homem que, mais do que todos os intelequituais da ABL, usa e abusa (ô, se abusa!) da criatividade em seu ofício.

Aproveitando o interesse no mais novo imortal, a Academia Brasileira de Letras também anunciou a modernização de seu nome para Abêéle. Nome que, nas palavras do presidente, “soa como um vocábulo do léxico dos povos nativos”. E não, a sugestão não foi do imortal Ailton Krenak; foi da Lilia Schwarcz. Depois Merval começou a cantar “Florentina, Florentina/ Florentina de Jesus…/ não sei se tu me amas/ pra que tu me seduz?” e todo mundo o acompanhou. Foi líndio.

“Pior que tá não fica”

A eleição de Tiririca contou com o apoio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que doou as urnas eletrônicas para o pleito. Ele obteve 50,9% dos votos possíveis, superando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ficou com 49,1% dos votos válidos. Só para constar: os demais candidatos eram Carla Perez, Xuxa, Sergio Mallandro, Luva de Pedreiro e a ex-presidente Dilma Rousseff.

Numa nota curta, escrita às pressas enquanto o deputado do PL votava com o governo Lula em alguma questão de suma importância para o país, Tiririca se disse “surpreso” com a sua eleição para a ABL, “agradesseu os voto” e insistiu na tese de que “pior que tá não fica”.

Fica, sim, abestado! Ah, se fica

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