FALHAS GRAVES
Após relatório do MPE, Abílio acusa fornecedores de chantagem na entrega de medicamentos

Patrícia Neves
O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, respondeu nesta terça-feira (18) ao relatório apresentado pelo Ministério Público Estadual (MPE), que apontou falta de medicamentos em estoque, falhas na dispensação em unidades de saúde da capital e o descarte de mais de um milhão de comprimidos. Abílio argumenta que fornecedores estariam impondo condições abusivas para cumprir contratos firmados com a gestão municipal e citou ainda erros da gestão do ex-prefeito Emanuel Pinheiro, que teria feito aquisições sem embasamento técnico, o que resultou no descarte de mais de um milhão de comprimidos de enalapril, medicamento utilizado no tratamento da hipertensão.
“Tem empresas que participaram de novas licitações, assinaram contratos, receberam ordem de serviço e agora estão chantageando a Prefeitura, exigindo o pagamento de dívidas deixadas pela gestão anterior para só então entregarem os novos produtos. Isso é chantagem, e nós não vamos aceitar esse tipo de pressão”, afirmou o prefeito.
Brunini explicou que, apesar da escassez temporária de alguns medicamentos, a atual gestão tem realizado esforços em três frentes para resolver o problema: contratos vigentes oriundos de pregões atualizados, uma compra emergencial no valor de R$ 1,5 milhão (entregas estão previstas para os próximos dias), e um novo processo emergencial que busca garantir o abastecimento da rede municipal nos próximos dois a três meses.
O prefeito também rebateu críticas à logística de distribuição de medicamentos apontadas pelo MPE e informou que a Prefeitura já emitiu ordens de serviço para as empresas vencedoras das licitações. Segundo ele, as falhas na entrega não são por ausência de contrato ou estrutura, mas pela lentidão das próprias empresas contratadas.
“Não é simplesmente contratar um motoboy e mandar entregar. Estamos lidando com processos públicos que exigem licitação, contrato, ordem de serviço. Muitas dessas empresas ganharam os pregões, mas agora querem negociar recebimentos antigos antes de cumprir os compromissos novos. Isso atrasa toda a rede e afeta diretamente a população”, afirmou.
A estrutura de distribuição da Secretaria Municipal de Saúde cobre cerca de 200 pontos em Cuiabá, com uso de diversos tipos de veículos. A Prefeitura ainda avalia sugestões do Ministério Público, como a contratação específica de entregadores por moto, mas aponta que isso também exigiria tempo para contratação legal.
“Tem medicamento que foi comprado e ainda não chegou. Falta entrega, não falta de ação da Prefeitura. Estamos pressionando as empresas para que cumpram o contrato e façam as entregas o quanto antes”, finalizou Abílio.
Monjaro
Durante sua fala, Abílio também comentou sobre a futura emenda que será apresentada pela vereadora Michele Alencar, destinando R$ 1,2 milhão para a aquisição do medicamento Monjaro, voltado ao tratamento da obesidade severa e que deve ser ampliada por Abílio. A proposta tem sido questionada, mas o prefeito fez questão de separar as duas pautas.
“O Monjaro é um projeto importante, mas de médio e longo prazo. A emenda ainda será apresentada e quero deixar claro que sou favorável à iniciativa. Inclusive, estamos estudando ampliar esse valor porque combater a obesidade também é uma prioridade de saúde pública. Mas isso não interfere nos recursos destinados aos medicamentos de uso contínuo e emergencial, que são nosso foco imediato”, explicou Brunini.