CASO RENATO NERY
Juiz impõe uso de tornozeleira a militares da Rotam, afasta-os da função e suspende porte de arma

Kamila Araújo
O judiciário negou o pedido do Ministério Público Estadual (MPE) para prender novamente prender os policiais militares do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessando Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso, mas determinou que eles passem a ser monitorados por tornozeleira eletrônica.
A decisão foi proferida pelo juiz João Bosco Soares da Silva, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá Especializada em Justiça Militar. Nela, o magistrado ainda determina a suspensão do exercício da função deles como policiais e a suspensão do porte de armas de fogo.
Eles são suspeitos de forjar um confronto e plantar a arma utilizada no assassinado do advogado Renato Nery, em julho do ano passado.
O confronto
O suposto confronto ocorreu na região do Contorno Leste após o roubo de um carro em Cuiabá por um homem e dois adolescentes. O fato ocorreu sete dias após a morte de Nery.
Na versão inicial dos policiais do batalhão da Rotam, registrada em boletim de ocorrência, a equipe teria recebido uma denúncia da localização dos suspeitos e realizado a abordagem.
Os PMs alegaram que um dos suspeitos reagiu atirando, levando os policiais a revidarem em legítima defesa. O homem morreu, enquanto os 2 adolescentes conseguiram fugir, um deles baleado. Os policiais afirmaram ter apreendido 2 pistolas com os supostos assaltantes.
Posteriormente, a perícia identificou que uma dessas armas seria a mesma utilizada para assassinar o advogado Renato Nery.
A decisão
No dia 11 de junho, o Ministério Público denunciou os quatro policiais militares por ter forjado o confronto que resultou na morte de um jovem de 26 anos e dois adolescentes de 16. Na denúncia, o órgão pediu fosse decretada a prisão preventiva dos militares novamente.
A Justiça Militar aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPMT) contra quatro policiais militares acusados de participar de uma organização criminosa ligada à morte do advogado Renato Gomes Nery, ocorrida em julho de 2023, em Cuiabá.
A denúncia foi recebida na última quarta-feira (18), mas o juiz João Bosco negou o pedido de prisão e impôs algumas medidas cautelares como comparecimento periódico à Justiça; proibição de contato com envolvidos no processo, incluindo vítimas e testemunhas; proibição de deixar a cidade sem autorização judicial; recolhimento domiciliar noturno entre 20h e 6h; suspensão do exercício da função pública; monitoramento eletrônico e suspensão do porte de arma de fogo.
Uma audiência de instrução foi marcada para o dia 12 de agosto, às 14h, no plenário da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, quando serão ouvidos os acusados, testemunhas e vítimas.
O homicídio
Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no dia 5 de julho do ano passado (2024), na frente de seu escritório, na capital. A vítima foi socorrida e submetida a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas depois do procedimento médico.
As investigações apontaram que o executor foi Alex Roberto de Queiroz Silva, caseiro de uma chácara do policial militar Heron Teixeira Pena Vieira. Ambos confessaram participação no crime e estão presos.
O casal de empresários César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos, apontado como mandante do homicídio, também está detido. Outro policial militar, Ícaro Nathan Santos Ferreira, continua preso por suspeita de envolvimento na execução.