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Fósseis de Mato Grosso

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*Caiubi Kuhn

A descoberta de fósseis sempre intriga grande parte da população. O passado
do estado de Mato Grosso está repleto de eventos geológicos e, com eles, a
ocorrência de diferentes tipos de fósseis. As rochas contam a história de antigas
cordilheiras, mares, geleiras, desertos, rios e lagos do passado. Em meio a estas
rochas, em alguns casos, são encontrados fósseis de seres vivos que no passado
habitaram essas terras. Mas quais fósseis já foram encontrados em Mato Grosso?

Nosso planeta tem uma idade de 4,6 bilhões de anos. No estado de Mato
Grosso, as rochas mais antigas já encontradas possuem mais de 2,5 bilhões de anos.
Muitas destas rochas, porém, foram formadas pelo magma (lava) e, nestes casos, são
chamadas de rochas ígneas ou magmáticas. Em outros locais, as rochas foram
submetidas a processos metamórficos, que transformaram a composição inicial. O tipo
de rochas que permite encontrar fósseis são as rochas sedimentares, ou seja,
formadas por grãos e fragmentos de outras rochas.

Para se preservar um fóssil, é preciso uma série de condições específicas,
desde o soterramento do animal ou planta, como também processos químicos e
físicos que permitam a preservação do material.

Mas quais fósseis já foram encontrados no estado? Os fósseis mais antigos são os estromatólitos; estas estruturas são antigas colônias de cianobactérias. Estes fósseis são encontrados em várias partes do estado, entre elas em municípios como Cáceres, Rosário Oeste e Tangará da Serra. Estes fósseis se formaram em uma das várias entradas do mar sobre nossa região. Sim, o mar já recobriu Mato Grosso, ou parte dele, várias vezes. Isso quando os continentes tinham outra forma, diferente da atual. Alguns dos fósseis de estromatólitos possuem mais de 630 milhões de anos.

O mar voltou a entrar sobre nossa região durante o Período Ordoviciano, há
mais de 443 milhões de anos, e novas rochas e fósseis foram depositados em terras
mato-grossenses. Em locais como Jaciara e Chapada dos Guimarães, é possível
encontrar os registros de icnofósseis como Skolithos linearis e Arthrophycus. Para o
leitor entender melhor o contexto, neste período não existia a cordilheira dos Andes e,
desta forma, toda a borda oeste do que hoje é a nossa placa tectônica estava bem
mais baixa que o nível atual. Então, não é que o mar subia mais de 800 metros além
do nível atual, mas na verdade a área que hoje está nosso estado estava mais baixa,
assim como as rochas no topo da cordilheira dos Andes, que hoje estão a mais de 5
mil metros, mas nesta época também eram bem mais baixas e também estavam
recobertas pelo mar.

Durante o Período Devoniano (419,2 e 358,9 milhões de anos atrás), o mar
voltou a recobrir a região e, com isso, fósseis de animais marinhos como conchinhas
(braquiópodes), tentaculites, trilobitas, Lingula e até mesmo tubarões habitavam esse
fundo de oceano. Estes fósseis são encontrados em vários locais entre Rondonópolis
e Chapada dos Guimarães.

O último registro do mar sobre a região ocorreu durante o Período Permiano
(298,9 milhões a 251,9 milhões de anos). No município Alto Garças são encontrados
fósseis de restos de peixes e de mesossauros, um réptil aquático que viveu antes dos
dinossauros.

E por falar neles, os dinossauros, os fósseis desses gigantes são encontrados
em municípios como Chapada dos Guimarães, Guiratinga e Tesouro, em rochas do
final do período Cretáceo, algo entre 84 e 66 milhões de anos. No estado já habitaram
grandes dinossauros herbívoros, os saurópodes, e também dinossauros bípedes
carnívoros como o Pycnonemosaurus nevesi. Também foram encontrados fósseis de
crocodilos e tartarugas (Testudines), que viveram juntos com os dinossauros.

Por fim, os animais da megafauna, formados por grandes mamíferos como
preguiças e tatus gigantes, mastodontes (elefante brasileiro), já foram encontrados em
municípios como Rosário Oeste, Alto Paraguai e Alta Floresta. O mais interessante é
que estes grandes mamíferos chegaram a conviver com o homem e foram extintos
após o final da última era glacial, a menos de 12 mil anos atrás.
As rochas de Mato Grosso ainda escondem muitas outras descobertas. A
realização de novas pesquisas pode levar a descobertas fantásticas. E você, sabia
que a pré-história de Mato Grosso é tão rica assim?

*Geólogo, Doutor cotutela em Geociência e Meio Ambiente (UNESP) e Environmental
Sciences (Universidade de Tubingen), Professor na UFMT, Presidente da Federação
Brasileira de Geólogos (FEBRAGEO)

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