APÓS SUSPENSÃO DE EVENTOS
Acusado de aporofobia, Abilio diz que facções usam caridade como fachada e cita Pablo Escobar

O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini, voltou a se manifestar nesta segunda-feira (23) após receber críticas nas redes sociais pela suspensão de dois eventos realizados em bairros periféricos da capital, sob fiscalização da Secretaria Municipal de Ordem Pública e apoio da Polícia Militar. Um dos eventos era um baile funk, o outro um futebol beneficente com a presença de influenciadores digitais.
Segundo o prefeito, ambos os eventos foram encerrados por falta de licenciamento e lembrou a recente aprovação da nova Lei do Silêncio, que impõem uma legislação rígida aos realizadores de eventos. “Suspensos por apresentarem irregularidades, como som acima do permitido pela legislação, presença de menores desacompanhados e até suspeitas de participação de pessoas ligadas a facções criminosas”. Citou ainda que um deles é um faccionado com oito passagens pela Polícia.
Nas redes sociais, o prefeito foi acusado de “aporofobia” – termo usado para descrever aversão ou preconceito contra pessoas pobres. À imprensa, Abilio ponderou que ações sociais não podem ser usadas como “escudo” para práticas ilegais e citou o narcotraficante colombiano Pablo Escobar como exemplo de criminoso que promovia ações de caridade para conquistar apoio popular.
“Não estou dizendo que era o caso desses eventos, mas é preciso ter atenção. Escobar também doava cestas básicas, pagava saúde, fazia coisas boas, mas era um criminoso. O tráfico e as facções também usam ações sociais para se aproximar de comunidades carentes”, argumentou o prefeito.
Sobre o jogo beneficente, Abilio explicou que a atividade foi suspensa pois ocorreu em um espaço público sem autorização da Prefeitura. O prefeito reforçou que eventos públicos devem ser licenciados, mesmo quando gratuitos, e que o processo não envolve cobrança de taxas, mas permite à Prefeitura monitorar as atividades e responsabilizar legalmente os organizadores em caso de irregularidades.
“Quando não há licenciamento, ninguém responde pelas irregularidades. Usam ações sociais como fachada para não dar nome ou CPF aos responsáveis. Não se engane: as facções criminosas, organizações criminosas e o tráfico de drogas também utilizam ações sociais para atrair, reunir e aproximar pessoas que, muitas vezes, buscam algum tipo de acolhimento ou apoio, acabando por se envolver nessas atividades criminosas”.