FATOS PONTUAIS
Presidente do TJ-MT admite que escândalos envolvendo afastamento de desembargadores mancham imagem do judiciário
Kamila Araújo
O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargador José Zuquim Nogueira admitiu que as recentes polêmicas envolvendo o judiciário de Mato Grosso abalaram a credibilidade da instituição junto à população.
Entre os fatos estão o afastamento de dois desembargadores por suspeita de venda de sentença, e ainda a concessão de um benefício que ficou conhecido por vale-peru.
Zuquin falou dos escândalos pela primeira vez na manhã desta terça-feira (24), durante a abertura oficial da inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Tribunal.
“É claro que esses episódios geram repercussão e impactam a imagem do Judiciário. No entanto, são fatos pontuais, que não comprometem a integridade do sistema de Justiça como um todo”, ponderou o presidente do TJ.
A fala ocorre em meio às investigações que resultaram no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, suspeitos de integrarem um esquema de venda de sentenças. O caso envolve o nome do advogado Roberto Zampieri, apontado como peça-chave no esquema e que foi assassinado em dezembro de 2023, em Cuiabá.
Além de afastados, os desembargadores ainda estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, que acompanha de perto a inspeção, reforçou o posicionamento institucional. “O Judiciário brasileiro é sério e robusto. Casos pontuais de desvio de conduta não apagam o trabalho de toda uma instituição”, afirmou.
Além dos escândalos envolvendo magistrados, o TJMT também enfrenta o desgaste provocado pelo chamado “Vale-Peru”, auxílio-alimentação de R$ 10 mil concedido a juízes e desembargadores em dezembro de 2024, ainda sob a gestão da ex-presidente Clarice Claudino. O benefício gerou ampla repercussão nacional e críticas à conduta administrativa do Tribunal.
Apesar de o CNJ ter informado que a inspeção no Judiciário de Mato Grosso estava agendada previamente e não tem relação direta com os últimos episódios, o clima na instituição é de forte pressão por transparência e respostas à sociedade.
Zuquim destacou que a atuação dos órgãos de controle, como o CNJ e o STF, é essencial para garantir a credibilidade do sistema judicial e assegurar que eventuais irregularidades sejam devidamente investigadas e punidas.
“Estamos preparados para enfrentar e superar este momento, sempre com transparência e compromisso com a sociedade mato-grossense”, concluiu o presidente do TJ.