
A temporada de pesca em Cáceres começou e, com isso, a cidade se transforma: o fluxo de pescadores, turistas e comerciantes aumenta, e a população quase chega a triplicar. Essa dinâmica aquece a economia local, impulsiona pequenos negócios e o setor hoteleiro.
No entanto, esse período de intensa atividade também exige atenção redobrada às questões sanitárias e ambientais. O aumento de pessoas no rio requer medidas que sejam eficazes para resguardar a saúde da população em geral, assim como do ecossistema da região.
Professor da Estácio FAPAN, Luiz Camelo é zootecnista, biólogo e doutor em produção animal. Ele explica que a manipulação e a comercialização do pescado devem seguir normas rigorosas para evitar riscos à saúde pública. “É necessário que haja armazenamento adequado e conscientização dos comerciantes para garantir que o peixe consumido seja seguro e de qualidade”, destaca.
Festival de pesca
Luiz Camelo lembra que, em 2023, conduziu uma pesquisa com o apoio da FAPAN para fazer um levantamento microbiológico da qualidade da água do Rio Paraguai, antes e depois do Festival Internacional de Pesca Esportiva de Cáceres (FIPe). “Antes do FIPe, nós coletamos água na Praia do Julião, na Vazão Nº 1, na Ponte Marechal-Rondon, no Cais da Cidade, no Cais do Centro e na Praia do Daveron. Com os primeiros resultados, percebemos que o Rio Paraguai já está em processo de degradação ambiental, pois encontramos diversos tipos de microrganismos, principalmente bactérias do tipo bastonetes, cocos, diplococos, triplococos, Echerichia coli e coliformes”, alerta.
A situação se agravou depois o festival de pesca: “Após o FIPe, encontramos contaminação de coliformes e Escherichia coli, além dos outros tipos de bactéria. Isso mostra que o aumento da população na cidade piora a qualidade da água do rio”, ressalta. Para o professor, são necessárias políticas públicas mais rígidas para conter o aumento da poluição e fazer com que o rio volte às suas características originais.
Pesca predatória: um problema constante
No aspecto ambiental, a pesca predatória ela continua sendo um desafio. Essa prática persiste e não respeita os tamanhos mínimos de captura, tampouco as espécies protegidas. Por outro lado, o professor Luiz Camelo lembra que a prática do “pesque e solte” é incentivada entre os pescadores esportivos e ajuda a manter a população de peixes saudável, preservando a biodiversidade local.
Outra questão é o descarte adequado de lixo: medida fundamental para evitar a poluição dos rios, o que compromete o ecossistema aquático e a qualidade da água para o consumo e lazer. “Lembrando que a água que nós consumimos aqui vem do Rio Paraguai”, comenta Camelo.
Para o professor, é essencial realizar campanhas de educação ambiental a uma fiscalização reforçada, visando minimizar esses impactos. “Somente com o esforço conjunto entre os pescadores, comerciantes, turistas, autoridades, é que será possível garantir que essa tradição seja efetivamente sustentável, respeitando a natureza e protegendo a saúde da população daqui como a que vem de fora”, avalia.
Para o professor, o futuro da pesca em Cáceres depende de uma abordagem equilibrada, onde a preservação e o desenvolvimento caminham lado a lado. “Somente com a visão integrada será possível assegurar que as riquezas naturais do Rio Paraguai permaneçam abundantes, permitindo então que a pesca continue sendo uma tradição viva e sustentável”, conclui.
FAPAN na FIPe
Todo ano, a FAPAN participa do FIPe com um estande onde os visitantes podem aprender mais sobre as questões ambientais e sanitárias, os cuidados que devem ter e as normas que devem ser seguidas. O Rio Paraguai é um local de abastecimento e lazer para a cidade, exigindo que a qualidade da água esteja sempre boa, evitando que a população seja contaminada com algum tipo de bactéria ou doença.
Além disso, o stand da FAPAN no FIPe leva apresentações mostrando quais são os trabalhos desenvolvidos por cada curso, apresentando os professores e a didática da universidade, um momento de aproximação entre a academia e a população.