TRATAMENTO CONTRA OBESIDADE
Mounjaro será administrado exclusivamente em unidades de saúde, diz secretária de Cuiabá

Durante audiência pública realizada na manhã desta sexta-feira (27), a secretária municipal de Saúde de Cuiabá, Lúcia Helena Barboza Sampaio, defendeu a criação de um programa específico para o tratamento da obesidade mórbida na capital, com ênfase na aplicação controlada do medicamento Mounjaro. A proposta, de autoria da vereadora Michele Alencar (União Brasil), prevê a destinação de emenda de R$ 1,5 milhão para a compra do remédio, que será utilizado exclusivamente nas unidades de saúde da rede pública. Em apoio ao projeto, o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini já afirmou que irá dobrar o aporte financeiro destinado pela parlamentar e vai garantir que pelo menos três mil pessoas sejam atendidas.
Segundo a secretária, o medicamento será administrado por equipes da saúde pública e não será entregue para uso domiciliar. “A possibilidade de uso injetável semanal permite que o paciente receba a aplicação na unidade de saúde. Ele não precisa, nem deve, levar para casa. Vamos programar dessa forma”, frisou.
Lúcia destacou os benefícios do Mounjaro, que promove uma redução de até 20% no peso corporal em pacientes com obesidade severa. “Pode não parecer muito, mas pra quem está em casos extremos, é uma mudança significativa. Os efeitos positivos são imensuráveis, mesmo que o custo do medicamento ainda seja muito elevado”, disse, demonstrando expectativa de que o preço reduza com o tempo.
A secretária também afirmou que o uso do medicamento pode trazer impactos positivos na redução de comorbidades, como diabetes, hipertensão e doenças osteoarticulares, além de diminuir a demanda por hospitalizações. “Isso vai gerar economia a médio e longo prazo para o sistema público de saúde”, pontuou.
Para garantir a eficácia do tratamento, a gestora propôs a criação de um programa piloto em parceria com universidades, unindo o uso da medicação com acompanhamento nutricional, psicológico e incentivo à prática de atividades físicas. “Essas mudanças precisam fazer parte do cotidiano do paciente, mesmo após o fim do tratamento com o medicamento. A imobilidade é que mata a gente, então é preciso se movimentar.”
Pediatra infantil, a médica também destacou a importância de uma abordagem multidisciplinar e educativa para combater a obesidade infantil. “Os pais precisam ser exemplo para os filhos. A mudança precisa começar em casa e também nas escolas, com merendas mais saudáveis: menos alimentos industrializados e mais comida de verdade.”
Por fim, a secretária enfatizou que o uso da medicação deve seguir critérios rigorosos, especialmente em casos excepcionais que envolvam adolescentes. “Como toda droga, ela tem efeitos colaterais e o paciente precisa estar ciente de tudo, com acompanhamento e adesão protocolar.”