“Que investiguem todas, inclusive as minhas”, diz Abílio Brunini sobre apuração das emendas Pix pelo TCE

O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, defendeu a investigação ampla das chamadas “emendas Pix” destinadas por parlamentares federais aos municípios de Mato Grosso. Segundo ele, a fiscalização é essencial, inclusive sobre os próprios repasses que ele fez enquanto era deputado federal.

“Pode investigar todas elas, inclusive as minhas. Que investiguem as minhas emendas parlamentares, as emendas Pix, para que os executores apliquem melhor esses recursos. São valores significativos e precisam estar monitorados”, afirmou o prefeito.

A declaração foi dada após o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) anunciar que vai apurar o uso de emendas federais transferidas via modalidade Pix — que permite o envio direto de recursos da União para os municípios, sem necessidade de convênio prévio e com prestação de contas feita apenas após o uso do dinheiro.

Abílio citou como exemplo a cidade de Jangada, que recebeu cerca de R$ 48 milhões via emenda de um único parlamentar. “Não que Jangada não precise, mas é preciso verificar se o recurso chegou na ponta, se a população realmente foi beneficiada. Quando o volume é tão alto, a responsabilidade de acompanhar também aumenta”, disse.

O prefeito explicou que, durante sua atuação como deputado, teve dificuldades em verificar o uso adequado de suas emendas. “Eu destinei recursos com uma finalidade, e parte deles foi usada para outra. Isso mostra o problema do modelo Pix: o parlamentar envia uma carta de recomendação, mas o prefeito do município pode usar como quiser, e só presta contas depois de gastar.”

Ele também comentou sobre a polêmica em torno da natureza das emendas Pix, que, segundo o Ministério Público Federal, não podem ser impositivas. “Todos os deputados mandaram como se fossem impositivas, e o próprio governo federal executou algumas assim. Só depois veio o entendimento do então ministro Flávio Dino para suspender e rever os critérios.”

Para Abílio, a apuração do TCE é bem-vinda e reforça a necessidade de maior controle sobre os repasses públicos. “É um passo importante para garantir que o dinheiro público não seja desperdiçado. Isso vale para qualquer parlamentar, de qualquer partido”, concluiu.