NÃO ATENDE AO INTERESSE PÚBLICO
Abilio afirma que contrato com a CS Mobi traz prejuízo para Cuiabá: “herança que recebemos”
Kamila Araújo

O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), voltou a criticar o contrato firmado entre a gestão anterior e a empresa CS Mobi, responsável pela operação do estacionamento rotativo na Capital. Apesar de o certame garantir a reforma Mercado Municipal e do calçadão do centro histórico, o liberal afirma que o acordo é extremamente lesivo ao município. Para ele, o maior beneficiado é a empresa.
Abílio destaca que, a Prefeitura é obrigada a pagar mensalmente por todas as vagas de estacionamento rotativo disponibilizadas na cidade, mesmo quando não são utilizadas. Segundo ele, o índice de ocupação gira entre 25% e 30%, o que significa que até 70% dos espaços ficam ociosos — mas ainda assim geram cobrança.
“Mesmo que ninguém use a vaga, a Prefeitura paga do mesmo jeito. O contrato garante repasse mesmo sem utilização, o que é totalmente vantajoso para a empresa”, declarou.
O prefeito também questionou o modelo financeiro adotado na parceria público-privada. De acordo com ele, a CS Mobi contraiu empréstimos com base na credibilidade do município para viabilizar as obras que precisam executar, e, além de explorar o estacionamento rotativo, terá direito a cobrar pelo uso de boxes no Mercado Municipal e até pela publicidade em áreas do Centro Histórico.
“É um contrato amarrado, construído para beneficiar a empresa. Eles pegam dinheiro emprestado, colocam o município como garantia e ainda exploram os espaços públicos. E a Prefeitura, por 30 anos, tem que bancar isso”, criticou.
Diante disso, ele põe em xeque a defesa enfática do contrato feita pelo ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), durante depoimento prestado à CPI da CS Mobi na Câmara de Cuiabá nesta segunda-feira (07).
Segundo ele, a situação é delicada. Isso, porque romper o acordo traria prejuízos, mas mantê-lo também representa uma perda para os cofres públicos.
“Infelizmente, essa é a herança que recebemos. Vamos buscar alternativas para minimizar os impactos, mas não é simples. O município está preso a um contrato que não atende ao interesse público”, finalizou.
A CPI da CS Mobi foi instaurada para investigar possíveis irregularidades na concessão do estacionamento rotativo e na execução da obra do Mercado Municipal Miguel Sutil, inicialmente orçada em R$ 145 milhões, mas que pode ultrapassar R$ 650 milhões com correções e pagamentos previstos ao longo de três décadas.