SEM IRRESPONSABILIDADE
Figueiredo garante que nenhum paciente ficará sem atendimento após fechamento da Santa Casa
Patrícia Neves

Na manhã desta terça-feira (22), no Palácio Paiaguás, o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, reafirmou que o Governo de Mato Grosso não pretende arrematar o prédio da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, mas garantiu que nenhum paciente que atualmente recebe atendimento na unidade será abandonado. A estrutura foi disponibilizada à leilão em razão de mais de R$ 78 milhões em dívidas trabalhistas.
Segundo o secretário, o Estado já está trabalhando em um plano de desmobilização dos serviços oferecidos na Santa Casa, com previsão de conclusão até dezembro, quando o Hospital Central irá começar a atuar. A ação busca garantir que os atendimentos sejam transferidos de forma segura e organizada para outras unidades hospitalares.
“Praticamente todo dia estou aqui. Vamos ter uma reunião com toda a equipe agora, e isso também é um assunto na nossa pauta, que é o plano de desmobilização dos serviços: para onde migram os serviços que estão na Santa Casa. Logicamente, a gente desenvolve um plano, mostramos as soluções, mostramos onde nós temos algumas dificuldades para vencer. Mas isso é um trabalho para ser assegurado, com término previsto até dezembro”, explicou Figueiredo.
O secretário ressaltou que o Estado estuda disponibilizar ambulâncias para auxiliar na transferência dos atendimentos, mas reforçou que a compra do prédio histórico da Santa Casa não está nos planos do governo.
“A princípio, não é a intenção do Governo do Estado arrematar o [prédio]”, declarou.
Apesar disso, ele garantiu que todos os pacientes atualmente em tratamento na unidade, inclusive os que passam por procedimentos de alta complexidade, como oncologia e hemodiálise, terão seus cuidados garantidos.
“Eu posso assegurar que nenhum paciente que ora seja assistido na Santa Casa vai ficar sem atendimento. Se, porventura, nós não conseguirmos migrar esses pacientes, esses serviços, para as outras unidades de saúde – tal como o Hospital do Câncer e o Hospital Geral – logicamente nós não interromperemos o tratamento deles. Então, pode ficar tranquilo: o Governo do Estado não é irresponsável. Nós não vamos abandonar nenhum paciente que esteja em tratamento oncológico ou fazendo hemodiálise na Santa Casa. Se, para isso, for necessário, nós vamos continuar com as atividades até resolver isso. Mas nenhum paciente será abandonado.”
Figueiredo também afirmou que torce para que a unidade continue em funcionamento, mesmo sob outra gestão, e lembrou o esforço que fez no passado para reabrir a Santa Casa.
“Como secretário de Estado, eu não vou torcer para o fechamento de nenhum equipamento público, muito menos da Santa Casa, que foi a unidade que eu me empenhei muito para reabrir quando fechou. É um equipamento de saúde importante, tem um número de leitos significativo, muitas salas cirúrgicas, e que pode sim contribuir para que a gente atenda melhor a população.”
Ele reforçou que, embora o prédio seja relevante, sua manutenção de mais de R$ 1 milhão é cara e a estrutura física antiga dificulta a regularização junto ao Ministério da Saúde.
“Se ela vai estar sob gestão da prefeitura ou de um terceiro, isso aí para nós é indiferente. Mas eu torço para que o município consiga alinhar todos os desdobramentos necessários para que ele possa fazer essa solução, para substituir por um imóvel próprio. Porque a Santa Casa não é nossa – o prédio não pertence ao Governo do Estado.”
“Ele tem um custo alto de manutenção, em média R$ 1 milhão por mês, porque é um prédio construído há 200 anos. Todo dia temos sinistros. É um hospital que dificulta a nossa habilitação de serviços junto ao Ministério, por não atender às normas estabelecidas pelo próprio ministério.”
Por fim, Gilberto Figueiredo destacou que o Estado continuará priorizando investimentos em estruturas próprias, mas está aberto a parcerias com quem assumir a unidade.
“Nós vamos investir, logicamente, nas unidades que são propriedade do Governo do Estado. Então, a princípio- até o momento – não é intenção do Governo do Estado arrematar o imóvel. Mas, logicamente, o Governo vai estar parceiro daqueles que, porventura, possam adquirir. No caso da prefeitura, logicamente, o Governo do Estado vai contratualizar serviços nesse hospital.”
Por dívidas trabalhistas, o prédio foi colocado à leilão com valor venal de R$ 57,4 milhões.