EM ANÁLISE
Abilio estuda romper gestão plena da saúde e repassar HMC e São Benedito ao Estado
Kamila Araújo

O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), analisa a possibilidade de romper com o modelo de gestão plena do sistema de saúde do município. A medida incluiria transferir ao Governo do Estado a administração total do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) e do Hospital São Benedito, mantendo sob responsabilidade da Prefeitura apenas os serviços de atenção primária, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e UPAs.
“O modelo atual não faz mais sentido. Já existe uma série de hospitais sob gestão do Estado, como a Santa Casa, o Hospital Central, o Metropolitano em Várzea Grande e até a regulação está nas mãos do governo estadual. Então, o município tem a estrutura, mas não consegue nem gerir os próprios pacientes”, afirmou Abilio.
De acordo com o prefeito, a regulação de vagas, inclusive dentro do próprio HMC, é feita pelo Estado. Ele citou como exemplo situações em que pacientes em estado grave, atendidos na sala vermelha do hospital, precisam de leitos de UTI, mas não podem ser transferidos sem autorização da central de regulação estadual.
“O paciente chega na urgência do HMC e precisa de uma UTI dentro do mesmo hospital. Mesmo assim, a Prefeitura não pode fazer essa transferência sem o aval do Estado. Isso não é mais gestão plena de fato. O município não consegue nem cuidar dos seus pacientes com autonomia”, exemplificou.
Diante disso, ele estuda e discute com os órgãos competentes a possibilidade de o Governo do Estado assumir, de fato, a média e alta complexidade, enquanto a Prefeitura ficaria com a atenção básica — exames, cirurgias eletivas, centros de especialidades e unidades de referência.
Segundo o liberal, a Prefeitura investe quase R$ 30 milhões mensais apenas na Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que administra o HMC e o São Benedito. Já o repasse estadual é considerado irrisório: “O Estado pactuou R$ 5 milhões, mas tem repassado só R$ 2,5 milhões. Com esse desnível, quem banca a estrutura somos nós”, afirmou.
A proposta ainda está sendo debatida com a equipe técnica e, segundo Abilio, o diálogo já foi iniciado com o Ministério Público e o Judiciário. Caso se concretize, a reestruturação pode representar uma mudança significativa na forma como os serviços de saúde são organizados e financiados em Cuiabá.
“Se deixarmos de gastar esses R$ 30 milhões por mês com os hospitais, poderemos investir na reestruturação de todas as UBSs e melhorar o atendimento da atenção primária. Seria uma forma mais eficiente e racional de aplicar os recursos da saúde”, concluiu o prefeito.