
O médico psiquiatra Dartiu Xavier elencou qual a “pior” droga em uma escala das substâncias disponíveis na sociedade. No videocast Alt Tabet, do Canal UOL, ele destacou um estudo da Imperial College de Londres que classificou os riscos e danos relacionados a cada substância, e o álcool foi considerado a droga mais danosa.
Dartiu explicou que o estudo considerou os “danos físicos, biológicos, psicológicos e sociais” das drogas. Nesse sentido, “a conclusão foi de que o álcool é a pior de todas as drogas em termos de danos e agressividade ao organismo”. “Em uma escala de 0 a 100, o álcool pontua 75; a cocaína pontua menos que 40; maconha pontua 20; e se pegar os cogumelos mágicos pontuam menos de 10, ou seja, psicodélicos são drogas seguras”, completa.
O psiquiatra ressaltou que drogas como crack e cocaína envolvem também o contexto socioeconômico de quem usa. “Quem mais consome crack e cocaína é a população de rua, em situação de miséria social”.
Veja a escala das drogas mais danosas, de acordo com Dartiu Xavier:
Álcool é das drogas “mais problemáticas, com impacto físico e mental nas pessoas”, afirma. “A cada 100 pessoas que bebem, 15 vão se tornar dependentes, ou seja, 85% consegue consumir de forma controlada, com poucos problemas à saúde”;
Cocaína é estimulante e confere ao usuário a “sensação de sentir mais empoderado, mais bonito e mais inteligente”. Contudo, “a ressaca da cocaína é a depressão, em que o usuário se sente um lixo, a pessoa mais feia e estúpida do mundo”. Cocaína tem alto risco da dependência e o uso virar um círculo vicioso;
Maconha “tem risco de desenvolver problemas mentais, sobretudo se for adolescente, com risco de dependência de 9%”, esclarece;
MDMA é um estimulante “muito menos problemático que a cocaína”, diz Xavier. Segundo o médico, o MDMA “comporta um uso recreacional, em que pode ser usado de forma moderada, como o álcool”, mas sem as “consequências nocivas que as anfetaminas e a cocaína têm”;
O LSD não causa dependência, garante o psiquiatra. Ele explica que o LSD é uma molécula desenvolvida em laboratório, que “provoca viagens psicodélicas, a pessoa vê cores, alterações de formas no espaço, perde a sensação de tempo”. Entretanto, ressalta o médico, é uma droga que a pessoa pode gostar muito, ou ser um grande pesadelo.
Ayahuasca “é uma droga bastante segura, não causa dependência e é usada há milênios por povos originários”, esclareceu o médico. Dartiu salienta que em países como o Brasil e os EUA ela é permitido em um contexto religioso e “pode causar problemas em proporção ínfima em quem tem distúrbios mentais”.
DMT é uma droga parecida com a ayahuasca, conforme Xavier.Produzida a partir da secreção de um sapo, ela “altera a consciência pelo prazo de 1 hora, e depois a pessoa volta ao normal”;
Psicodélicos contra depressão têm resultados promissores
Xavier destacou que os psicodélicos podem ser alternativa aos pacientes depressivos que são “resistentes ao tratamento convencional”. “Pessoas com depressão podem responder muito bem com psilocibina, mas também para pessoas estresse pós-traumático e dependência de álcool, como tratamento alternativo. Mas é algo ainda em investigação e no Brasil só é feito em contexto de pesquisa, não em consultório”.
Internação compulsória por droga falha em mais de 90% dos casos
Dartiu também aponta que internar compulsoriamente não é a solução para combater a dependência química. “A internação forçada funciona esporadicamente. Entretanto, , em mais de 90% dos casos, as pessoas voltam a utilizar depois da internação compulsória”.