CORTINA DE FUMAÇA
Diante de tarifa de Trump, Mendes exige resposta “de gente grande” e aponta paralisia do Planalto
Patrícia Neves

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), fez duras críticas à condução da política econômica do governo federal e à forma como o debate público tem sido dominado por disputas eleitorais antecipadas. Em entrevista na manhã desta segunda-feira (28), o chefe do Executivo estadual, que se posiciona no campo da centro-direita, cobrou mais responsabilidade institucional. “Na prática, o que temos hoje é um governo que infelizmente não está conseguindo entregar resultados. E digo isso com pesar. Nunca torci contra o meu país, nem contra o presidente Lula, mesmo fazendo parte do campo da centro-direita. Torço pelo Brasil”, declarou Mendes.
Sobre a aproximação de 1º de agosto e com ele, o ‘tarifaço’ de 50% nos produtos brasileiros, Mendes sugeriu que o Legislativo assuma um papel de liderança. “A direita tem responsabilidade, a esquerda também. Todos precisam agir com seriedade. O Congresso Nacional deveria assumir o protagonismo. Presidentes da Câmara e do Senado – Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, poderiam liderar uma verdadeira negociação com os EUA. Com representatividade. Não adianta mandar senadores de forma avulsa para serem recebidos pelo terceiro escalão. É hora de agir como gente grande”, finalizou.
O governador também demonstrou preocupação com os rumos da economia brasileira e citou alertas do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o risco de um colapso fiscal nos próximos anos.
“Eu disse muitas vezes que gostaria de ver o brasileiro comendo picanha, com a economia crescendo. Mas não é isso que está acontecendo. E o pior: a perspectiva para os próximos anos é ainda mais preocupante. O próprio Tribunal de Contas da União já alertou que em 2027 o Brasil pode enfrentar um ‘shutdown’ econômico. Estamos diante de um cenário de pré-colapso fiscal”, afirmou.
Mendes criticou a paralisia decisória causada por disputas político-eleitorais permanentes e a falta de respostas concretas do Planalto. “Enquanto isso, estamos perdendo tempo só falando de política. Existe agora uma ‘fumaça eleitoral’ no ar. Houve erro, sim, por parte da direita, com gente batendo cabeça. Mas o PT está aproveitando essa fumaça – que nem é uma onda, porque não é algo real. E isso pode trazer consequências ruins para o país. Não se pode surfar numa onda negativa e achar que isso trará dividendos para o Brasil”, alertou.
Ele responsabilizou o Executivo federal por não ter agido com a seriedade que o momento exige. “No final do dia, o culpado é o governo. Ele poderia ter resolvido esse problema. Mas prefere alimentar confusões internas. O foco deveria ser no que realmente importa para o povo brasileiro”, disse.