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Delegado descarta envolvimento de magistrados em fraude milionária descoberta pelo TJMT
Kamila Araújo

O delegado Pablo Carneiro, da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, afirmou que não há, até o momento, indícios de envolvimento de magistrados no esquema de fraudes processuais investigado pela Operação Sepulcro Caiado.
A ação, deflagrada pela Polícia Civil, revelou um prejuízo milionário aos cofres do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), provocado por servidores e advogados.
“Em um primeiro momento, não temos indícios de envolvimento de magistrados ou desembargadores”, disse Carneiro, ressaltando que, caso surjam elementos nesse sentido, o inquérito será remetido para os órgãos competentes, devido ao foro privilegiado de eventuais autoridades.
O prejuízo estimado ultrapassa R$ 10 milhões, conforme estimativas apresentadas pelo presidente do TJMT, desembargador José Zuquim Nogueira.
A operação revelou que o grupo criminoso manipulava ações judiciais por meio de depósitos judiciais falsos, com a inclusão de comprovantes bancários adulterados nos autos, simulando o pagamento de dívidas.
Segundo o delegado, agora com o principal servidor do esquema preso preventivamente, as investigações vão se aprofundar. “Vamos passar um pente-fino nos processos dos últimos anos em que ele e outros suspeitos tiveram movimentações, principalmente junto à conta única do Judiciário. O objetivo é identificar todos os processos com indícios de fraude e calcular com precisão o prejuízo total”, explicou.
Sobre a ausência de um dos alvos da operação, que está foragido, Pablo Carneiro descartou vazamento de informações. “Não acreditamos que tenha havido vazamento, porque, se tivesse, outros integrantes também teriam fugido. A taxa de efetividade foi muito alta, com 10 dos 11 mandados de prisão cumpridos. A fuga parece ter sido uma coincidência.”
O delegado também destacou o apoio institucional do TJMT à investigação. “Desde o primeiro momento, o desembargador Zuquim colaborou plenamente com a operação, colocando sua equipe à disposição, o que foi fundamental para o avanço e o sucesso da investigação em tão pouco tempo.”
A Operação Sepulcro Caiado cumpriu mais de 160 ordens judiciais, incluindo 11 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão e bloqueios judiciais que somam R$ 21,7 milhões. Foram também sequestrados 48 imóveis e 18 veículos ligados aos investigados.