Servidor com quase 30 anos de atuação no TJ-MT segue foragido

O técnico judiciário Mauro Ferreira Filho, que atua há 29 anos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), segue foragido desde que teve mandado de prisão expedido no âmbito da Operação Sepulcro Caiado, deflagrada pela Polícia Civil na última quarta-feira (30).

Servidor do poder judiciário desde julho de 1995, Mauro está lotado na Divisão de Execução Financeira do TJMT e é apontado como uma das peças-chave de um esquema criminoso que teria promovido desvios milionários por meio de fraudes em registros de depósitos judiciais.

Segundo as investigações conduzidas pelo delegado Pablo Carneiro, o servidor era responsável por movimentações na conta única do Tribunal — utilizada para armazenar valores oriundos de processos judiciais, muitos deles antigos e sem movimentação recente.

Por meio de documentos falsificados, Mauro realizava transferências desses valores para contas vinculadas a processos fraudulentos, viabilizando saques com base em alvarás judiciais.

Além de Mauro, o inquérito envolve advogados e empresários suspeitos de integrar o núcleo financeiro e operacional do esquema. O grupo teria causado um prejuízo que pode ultrapassar R$ 21 milhões ao erário e a partes processuais.

Dados do Portal da Transparência indicam que o técnico judiciário recebeu, em junho deste ano, um total bruto de R$ 43 mil, com salário líquido de R$ 36,7 mil. No mês seguinte, os valores registrados foram de R$ 22,4 mil brutos e R$ 16,9 mil líquidos.

O Tribunal de Justiça afastou Mauro e outras duas servidoras suspeitas de envolvimento no esquema, e ainda suspendeu acessos aos sistemas internos, controle de ponto, e-mails e plataformas administrativas.

Os servidores afastados responderão a sindicância investigatória para apurar possíveis irregularidades nos pagamentos de alvarás judiciais desde maio de 2011.

Foi criada ainda uma Comissão Especial de Auditoria para revisar todas as movimentações da conta judicial do Judiciário estadual no mesmo período.