MODOS OPERANDIS
“Sempre se projeta um inimigo”, dispara vereador sobre atuação do prefeito Abílio
Da Redação

O vereador Daniel Monteiro (Republicanos) afirmou que a capital precisa de “uma gestão que assuma responsabilidades, e não terceirize culpados e cobrou ainda eficiência na condução das três áreas que, segundo ele, são as mais estratégicas para o desenvolvimento da cidade: Saúde, Educação e Meio Ambiente. Daniel reforçou que foca nas funções do Parlamento, mas demonstra que está disponível para disputa ao Palácio Alencastro. As declarações foram feitas à Rádio Cultura de Cuiabá.
“Precisamos avaliar, primordialmente, os três pontos centrais do governo: quais sejam Saúde, Educação e a Secretaria de Meio Ambiente – por onde passam todos os projetos de construção civil da cidade. Portanto, por onde passam os projetos que influenciam diretamente o desenvolvimento e a empregabilidade da cidade”, afirmou o vereador.
Na área da Educação, Monteiro reconheceu avanços recentes, especialmente após a troca no comando da pasta. No entanto, criticou a postura do prefeito Abílio Júnior (PL) em relação aos servidores da área.
“A Secretaria de Educação, apesar de ter tido uma troca – que, a meu ver, foi muito positiva — vem sendo alvo de uma série de críticas por parte do prefeito em relação aos servidores. Isso influencia diretamente no bom desempenho da secretaria, que hoje é comandada por um amigo meu, o secretário Amauri Monge, mais do que competente. Mas é muito difícil conduzir uma secretaria com o prefeito criticando e batendo de frente com os servidores da Educação de forma generalizada”, disse.
O vereador ainda se posicionou de forma crítica diante da recente tentativa do Executivo de retirar o direito a 1/3 das férias dos professores durante o recesso de julho, o que gerou forte reação da categoria e politização do tema por parte do prefeito.
“Houve uma mobilização do sindicato e, de alguma forma, essa discussão foi politizada, tentando deslegitimar o movimento dos professores – com declarações de que o sindicato é de esquerda, uma ferramenta do PT, e que isso não teria vez aqui em Cuiabá. Essas declarações foram feitas pelo próprio prefeito”, lembrou.
Em relação à proposta de privatização da educação, que teria sido ventilada pelo Executivo, Daniel Monteiro foi enfático: “A Educação de Cuiabá está muito abaixo daquilo que a gente imagina como ideal, mas o último que pode ser culpado nesse processo é o professor. O professor é reflexo do sistema que oferecemos. O mesmo profissional que leciona na rede pública também está na rede privada. Portanto, não se trata da qualidade dos professores, mas das condições que são oferecidas a eles”.
O vereador também fez críticas à retórica adotada pela gestão municipal. “Está se tornando um modus operandi: sempre se projeta um inimigo para justificar os problemas. Isso é muito triste. A responsabilidade precisa ser assumida. Durante a campanha, ouvimos que o prefeito anterior havia acabado com a cidade e que a solução viria com Abílio. Ele já sabia do cenário. Como dizia meu avô: ‘Se você casa com a tia, tem que ajudar a criar os filhos’. Não dá para ficar projetando culpados a todo momento.”
Monteiro também apontou falhas graves na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que, segundo ele, sofre com um “travamento estrutural” que impacta diretamente a liberação de obras e empreendimentos na capital. “O pior é que esse travamento foi levado à Câmara. Para tentar resolver, o prefeito mandou um projeto para contratar, emergencialmente, mais de 35 cargos comissionados para avaliar projetos. Isso porque aquele alvará autodeclaratório, que veio como promessa para resolver os problemas, acabou apenas piorando a situação”, afirmou.
Na avaliação do parlamentar, a situação da Saúde em Cuiabá é ainda mais preocupante. “Eu não preciso nem falar que Cuiabá está um caos – seja na baixa, na média ou na alta complexidade. A gente vê que a saúde piorou, e piorou bastante”, completou.
Por fim, Monteiro criticou o prefeito por, segundo ele, sugerir que o governo do Estado deveria assumir os hospitais da capital. “Se a saúde não está funcionando, a saída é entregar para o governador? Essa postura de se eximir de responsabilidade é preocupante e perigosa”, concluiu.