ESCALADA DE TENSÕES
Em Brasília, Abilio Brunini reforça base bolsonarista contra atos do STF
Patrícia Neves

A recente prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrida no início desta semana, provocou forte reação no Congresso Nacional. Em meio a acusações de perseguição política e pedidos de anistia relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023, parlamentares aliados do ex-presidente, como o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL-MT), manifestaram-se duramente contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes.
Em declaração feita durante sua passagem pelo Congresso, Brunini afirmou que havia saído de Cuiabá às 16h de segunda-feira (4), com Bolsonaro ainda em liberdade, e ao chegar em Brasília, por volta das 19h, já se deparou com a notícia da prisão do ex-presidente. “As coisas mudaram completamente. As agendas se alteraram, a rotina aqui se transformou. Deputados e senadores estão acampados dentro do Congresso”, relatou o parlamentar.
Segundo ele, o movimento dos congressistas não é contra o STF como instituição, mas sim contra o que chamam de “extrapolação de competências” por parte de um ministro específico: Alexandre de Moraes. “Não se trata de atacar o Supremo como um todo. A crítica é ao comportamento isolado de Moraes, que tem adotado medidas que extrapolam os limites constitucionais, segundo o entendimento desses parlamentares”, declarou.
Brunini também comparou a situação atual à Operação Lava Jato, acusando o Judiciário de supostamente induzir investigações e moldar provas contra Bolsonaro. “A crítica é que está havendo uma repetição do que acusaram o juiz Sérgio Moro de fazer contra Lula, criar provas, direcionar procedimentos. Agora, o alvo seria Bolsonaro”, afirmou.
O prefeito mato-grossense defendeu ainda a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e voltou a dizer que muitos foram condenados injustamente. Segundo ele, a instabilidade institucional e a chamada “insegurança jurídica” estariam contribuindo para o fechamento de empresas e o agravamento da crise econômica.
“Estamos assistindo a um Congresso em crise, um parlamento em crise. Isso tem reflexos diretos na economia. Empresas estão fechando por medo da instabilidade política e jurídica. O país está caminhando para uma recessão maior se não retomarmos o equilíbrio entre os Poderes”, alertou.
Brunini também cobrou explicações sobre o destino de emendas parlamentares destinadas ao município de Cuiabá em 2024. “Precisamos entender onde foi parar esse dinheiro. Foram pagas emendas, mas até agora a população não viu os resultados”, disse.
O ambiente em Brasília está tenso. Na terça-feira (6), parlamentares bolsonaristas permanecem mobilizados dentro do Congresso, em uma espécie de vigília política usando fita adesiva na boca para simular atos de censura. A estratégia é pressionar o STF e a opinião pública pela libertação de Bolsonaro, o fim das sanções impostas ao ex-presidente (como a proibição de uso das redes sociais) e a anistia dos réus do 8 de janeiro.
Vídeo:
https://www.instagram.com/stories/abiliobrunini/3692869938075887988?utm_source=ig_story_item_share&igsh=MWM2OXh6eDdjaHE3aQ==