SEM LIMITES
Delegado vê “ambiente desvirtuado” e alerta quebra de valores após tortura a menina de 12 anos
Da Redação

O delegado Marcos Paulo Batista de Oliveira, responsável pela investigação do caso em que uma menina de 12 anos foi brutalmente espancada por outras alunas dentro da Escola Estadual Carlos Alberto da Costa Almeida, em Alto Araguaia, afirmou que o episódio reflete uma quebra de valores sociais e criticou a banalização de condutas violentas e criminosas entre adolescentes. As cenas de agressão circularam em rede nacional e resultaram na apreensão de três adolescentes envolvidas no caso. As três já estão internadas a pedido do Ministério Público de Mato Grosso em unidade socioeducativa.
A agressão, registrada em vídeo e amplamente compartilhada nas redes sociais, mostra a vítima sendo espancada por outras colegas de escola, supostamente por ter descumprido regras de um grupo formado por alunas que se inspirariam em práticas de facções criminosas. Mediante o caso, o governo do Estado anunciou que pretende transformar a unidade em uma escola cívico militar.
Segundo ele, uma das adolescentes envolvidas no espancamento já havia sido conduzida anteriormente à delegacia, o que reforça a preocupação com o ambiente em que esses jovens estão inseridos:
“É importante salientar que uma das adolescentes foi conduzida recentemente para a delegacia de Alto Araguaia, que estava andando com maior idade, faccionados, inclusive um deles estava portando entorpecente, o que comprova esse ambiente desvirtuado dos valores que está permeando a nossa sociedade, que infelizmente faz com que situações bárbaras, que é difícil até de acreditar, aconteçam dentro de um ambiente escolar.”
O delegado também pontuou que, embora o Estado forneça estrutura adequada, com uniformes, psicólogos e suporte educacional, isso não é suficiente sem o amadurecimento social coletivo:
“O Estado, quando o Estado está provendo essa escola, essa escola tem toda a estrutura, pelo vídeo dá pra perceber que as alunas estão com uniforme, fornece toda. Tem, tem, tem psicólogos nessa escola, enfim, toda a estrutura que o Estado pode fornecer para essas adolescentes é fornecido, mas não basta só isso, né? Precisa um amadurecimento de toda a sociedade.”
Ele ainda fez críticas indiretas ao ambiente nacional, citando a relativização de crimes como o porte de drogas pelo Supremo Tribunal Federal, e alertou para os reflexos disso em cidades do interior:
“Mas enquanto a partir temos aí essa quebra de valores que nós estamos vendo aí, o culto a algumas pessoas sendo, tendo julgamentos sumários, enfim, essa questão do porte de entorpecentes também que foi relativizado pelo Supremo Tribunal, a consequência é isso que nós vemos aqui, em uma cidade do interior”.