COMPARAÇÃO DESCABIDA
“Retórica sobre ditadura é imprópria e injusta com quem a viveu”, dispara presidente do STF
Patrícia Neves e Maryelle Campos

Durante agenda em Cuiabá na manhã desta segunda-feira (18), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, respondeu de forma enfática às acusações de que o Brasil estaria vivendo sob um regime autoritário. Segundo ele, a comparação com uma ditadura é infundada e desrespeitosa com o significado histórico do autoritarismo real.
“É claro que o Brasil não vive uma ditadura. Quem diz isso não sabe ou não lembra o que é viver sob censura, tortura, perseguição e falta de liberdade. Hoje, as instituições funcionam, e a crítica é livre, inclusive contra o próprio Supremo”, afirmou Barroso, em entrevista à imprensa.
A fala do ministro ocorre em meio a frequentes discursos políticos e publicações em redes sociais que alegam que o Judiciário, sobretudo o STF, estaria limitando liberdades individuais e atuando de forma autoritária. Barroso rechaçou essas interpretações.
“Sou leitor de jornais, de sites de todos os espectros políticos, e vejo críticas duras, muitas vezes duríssimas, contra o governo, contra o Congresso e contra o próprio Supremo. Isso é liberdade de expressão. Está tudo aí. Está tudo publicado.”
O presidente do STF ressaltou que a crítica às instituições faz parte da democracia, mas alertou para o risco da banalização do conceito de ditadura, o que, segundo ele, enfraquece o entendimento da sociedade sobre os valores democráticos. “Você pode discordar, pode criticar, pode se manifestar. Mas dizer que há uma ditadura é um desrespeito à história e aos que de fato sofreram sob regimes autoritários.”