ATUAÇÃO POLÍTICA DISFARÇADA
Abílio afirma que processo contra humorista é por militância política, e não por humor
Kamila Araújo
O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), esclareceu os motivos que levaram à abertura de uma ação judicial contra o humorista Thyago Mourão, afirmando que o caso não envolve censura ao humor, mas sim à atuação política disfarçada de sátira. Segundo o gestor municipal, Mourão, que participou da campanha de Ludio Cabral (PT) a Prefeitura de Cuiabá no pleito do próximo anno, continua realizando posicionamentos de militância política partidária, o que, em sua visão, ultrapassa os limites do humor.
“Primeiro, uma coisa é humor, outra coisa é militância política. O Mourão está em campanha ainda, mantém postura de militância política partidária. Ele faz posicionamento claro de política partidária. Então, como ele é um militante, nada mais resta do que recorrer à Justiça”, afirmou.
O prefeito ressaltou que não há problema com manifestações de humor per se. “Tudo que ele faz de humor, a gente brinca e leva na relevância. Agora, tudo que for militância política, aí não podemos deixar de lado quando se trata de fake news, extorsão da verdade ou matérias caluniosas”, explicou, destacando que a Justiça deve distinguir até onde vai o humor e onde começa a militância política.
Brunini recorreu ao Judiciário com três ações por danos morais, direito de resposta e exclusão de conteúdos que considera ofensivos. Além do humorista Thyago Mourão, também estão na lista o “Blog do Popó” e Fábio Júnior Maia Pereira, administrador da página “@fabiopiupiuoficial”.
No caso de Mourão, o prefeito solicita indenização de R$ 40 mil e a retirada de publicações em que imagens suas e da vice-prefeita foram manipuladas por inteligência artificial e acompanhadas de legendas que ele classificou como depreciativas e capacitistas.
Já as ações contra o blog e o administrador da página têm como base publicações consideradas sensacionalistas e ofensivas à honra do prefeito, envolvendo notícias sobre supostos atritos com a vice-prefeita e acusações de perseguição e preconceito de gênero. Para esses processos, Brunini pede indenizações que somam R$ 70 mil.
“O direito de crítica política não pode se confundir com ataques pessoais. A liberdade de expressão permite falar o que quiser, mas cada um é responsável pelo que diz”, completou o prefeito, reforçando que, caso Mourão deseje continuar apenas com o humor, não haverá objeções, mas que a militância política traz consequências legais.


