Delegado da Draco compara atuação de facção em apostas ilegais à estratégia de Al Capone

Responsável pelas investigações da Operação Ludus Sordidus, deflagrada nesta quinta-feira (21), o delegado da Draco, Antenor Junior Pimentel Marcondes, comparou a atuação da facção criminosa investigada à estratégia usada por figuras históricas do crime, como Al Capone e os antigos exploradores do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

Segundo o delegado, ficou evidente nas investigações que boa parte dos sites de apostas ilegais operando em Mato Grosso está vinculada a facções criminosas, que buscam controlar e absorver atividades ilícitas para manter o domínio sobre o território e o fluxo de dinheiro.

“O que ficou bem claro: se a bet parte de um proprietário, de um dono do site do Mato Grosso, provavelmente ela vai estar vinculada à facção. Porque eles tentam ter esse domínio, esse controle sobre quem está explorando esse tipo de atividade. Porque essa é uma atividade ilícita. Então, sendo uma atividade ilícita, a facção tenta absorver essa atividade”, afirmou Marcondes.

Apesar disso, o delegado pontuou que não se pode generalizar e que nem todos os envolvidos com apostas ilegais estão diretamente ligados a facções. Essa é justamente a função da investigação policial: identificar, com base em provas, quem está a serviço do crime organizado.

No entanto, ele destacou uma estratégia criminosa histórica, que vem se repetindo e ganhando força com a normalização social dessas práticas.

“Essa estratégia da facção não é nova. Ela vem lá do Al Capone, vem lá do jogo do bicho do Rio de Janeiro. O que eles fazem? Pegam um crime menor, mais fácil de ser aceito pela população, e se intitulam como exploradores daquela contravenção”, explicou o delegado.

A ideia, segundo ele, é utilizar contravenções penais de baixa rejeição social como fachada para se integrar a espaços públicos e relações sociais legítimas, ganhando aceitação e até prestígio.

“Como contraventor, ele pode assumir o título de ‘eu sou um contraventor’ e entrar dentro do meio social – captar patrocínio, publicidade, influência. É uma estratégia que vem se consolidando paulatinamente, graças à tolerância que as pessoas vão adquirindo. Elas vão normalizando isso”, concluiu Marcondes.

A Operação Ludus Sordidus mira uma organização criminosa acusada de movimentar milhões por meio de jogos de azar, estelionato, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, com uso de influenciadores digitais, times de futebol amador e plataformas de apostas ilegais como fachadas. Ao todo, foram cumpridas 38 ordens judiciais, incluindo mandados de prisão, bloqueios de contas e sequestro de imóveis.