POLÊMICA
Depois de expor adolescente estuprada em audiência, Maysa critica imprensa: “Tinha que estar preocupada se ela está bem”
Thalyta Amaral

A vereadora Maysa Leão (Republicanos) criticou a atuação da imprensa na cobertura de uma audiência pública realizada na última semana, quando uma adolescente de 16 anos relatou ter sofrido diversos abusos sexuais na infância. A parlamentar foi alvo de críticas porque o momento foi transmitido ao vivo nas redes sociais, expondo a menor. “Eu achava que a imprensa tinha que estar preocupada em saber se ela está bem, se ela corre algum risco”, disse.
Na audiência pública, que discutia violência sexual contra crianças e adolescentes, a menor usou a palavra para contar que sofreu abusos do tio, do padrasto e, posteriormente, do pai. O problema ocorreu porque, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), vítimas de abuso têm direito à preservação da identidade, o que não aconteceu em razão da transmissão pelo YouTube.
“De todas as pessoas que me procuraram, ninguém perguntou se ela estava bem, se esse pai estava preso, se ela corria risco. Então, qual é a preocupação da sociedade em relação à adolescente que teve coragem de subir em um púlpito e pedir socorro? Eu não sabia a idade dela”, criticou a vereadora.
Maysa ainda argumentou que não foi ela quem expôs a jovem. “Alguns vereadores disseram — eu não sei quais disseram — que eu expus a adolescente. Mas eu não peguei meu celular, eu não filmei uma adolescente. (…) Ao se inscrever [para falar] aqui na Câmara, nós não temos o costume de pedir RG para verificar a idade. E como ela tinha um bebê nas mãos, ninguém se ateve em perguntar”.
A parlamentar também se defendeu alegando que determinou a retirada do conteúdo para preservar a menor. “Ela foi ouvida e, assim que acabou, não teve Ministério Público dando ordem, não. Eu pedi para tirar do ar, para que as pessoas não gravassem tela e não compartilhassem isso por WhatsApp, porque compartilhar isso pelo WhatsApp e publicar nas redes sociais, isso sim é revitimizar, isso sim é crime”.
Por fim, Maysa destacou que enxerga um movimento político por trás das críticas. “Se for para me atingir, está muito claro que existe um movimento muito grande de dizer que há uma irresponsabilidade. Eu, como voluntária da rede de enfrentamento, sei que ela está bem. A sociedade devia estar se perguntando se algum dos agressores tem acesso a ela. Como ela vive? Como ela come? Como ela sustenta a filha?”.