A senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) questionou a real efetividade da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar casos de feminicídios em Mato Grosso, que acumula o triste número de 35 vítimas. A parlamentar alertou para a necessidade de ações mais profundas e estruturais. Nesta semana, cogitou-se instalar uma comissão parlamentar na Assembleia de Mato Grosso tendo o objeto o alarmante número já registrado, mas a iniciativa perdeu seis assinaturas e foi, então, acordada a criação de uma comissão permanente na Casa de Leis.
“A gente vive em um estado gigantesco, com uma população enorme e índices de violência contra a mulher alarmantes. Mas, será que uma CPI vai nos impedir de enfrentar o horror que vimos em Sinop, quando um homem mata a companheira dentro da própria casa com uma faca de cozinha?”, indagou a senadora.
Segundo ela, o problema do feminicídio ultrapassa o âmbito jurídico ou policial: “Não vamos impedir esses crimes apenas aumentando penas. O que precisamos mudar é a consciência masculina”, afirmou. Para Margareth Buzetti, não basta prender o agressor: é necessário um esforço coletivo e educacional desde cedo, ensinando meninos que meninas têm os mesmos direitos e que uma não deve servir enquanto o outro se diverte.
“O governo federal hoje tem programas de capacitação, auxílio-moradia, mas precisamos saber quantas mulheres, de fato, estão sendo acolhidas, protegidas, preparadas para sua autonomia econômica e emocional”, observou.
Para a senadora, o empoderamento feminino está diretamente ligado à autonomia financeira, e é nessa frente que o Estado deveria investir com mais vigor. “Capacitar uma mulher, dar a ela independência econômica, é meio caminho andado para quebrar o ciclo da violência. A dependência financeira, junto à emocional, são as algemas invisíveis que mantêm muitas mulheres presas a agressores”, defendeu.
Margareth Buzetti expressou receio de que o tema delicado do feminicídio seja politizado ou transformado em palco de discursos vazios. “Vocês me conhecem. Eu prefiro decisões e ações concretas. Uma mulher economicamente ativa se liberta”, finalizou.
Buzetti é autora da lei que elevou a pena mínima do feminicídio para 20 anos e a pena máxima para 40 anos de reclusão de homens que cometerem esse tipo crime.