O Museu do Morro da Caixa D’Água Velha, administrado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Agricultura (SDTA), segue de portas abertas até o dia 10 de outubro com a primeira exposição individual “A Magia do Pôr do Sol e outros temas”, do artista plástico Antônio Vieira da Silva, 69 anos. Paulista de nascimento e cuiabano de coração, há quase meio século Vieira adotou a capital mato-grossense como lar. A mostra pode ser apreciada das 8h às 17h, no espaço dedicado às artes do museu, localizado na Praça do Morro da Caixa D’Água Velha, no Centro-Sul da cidade.
A exposição reúne 20 telas, algumas inéditas, que retratam principalmente a natureza e a vida cotidiana sob a ótica realista de Vieira. Duas obras chegaram a ser vendidas antes mesmo da abertura. “É um sonho de qualquer artista realizar uma individual. Esse meu sonho se realiza nessa parceria com a Prefeitura de Cuiabá, que tem dado oportunidade para os artistas locais. Cultura é enriquecimento humano e deve ser estimulada desde cedo”, afirma o artista.
Vieira sempre teve ligação com as artes, mas conciliou a vocação com o trabalho em comunicação visual e letreiros artesanais. A dedicação exclusiva à pintura começou apenas três anos atrás, após a aposentadoria. “Gosto do realismo. A minha pintura ainda não chega a ser totalmente realista, mas caminha nessa vertente, mais acadêmica. Essa é a minha identidade”, explica.
O espaço escolhido para a estreia tem valor simbólico. “A primeira vez que vim ao museu me apaixonei pelo lugar. Além de ser histórico, é um ambiente que a Prefeitura vem aproveitando muito bem, abrindo portas para quem vive de arte e cultura”, comenta Vieira, que também é historiador e destaca a importância de ocupar espaços culturais para fortalecer a cena artística local.
Patrimônio revitalizado
Administrado pela SDTA, o Museu do Morro da Caixa D’Água Velha é considerado um dos patrimônios históricos mais representativos de Cuiabá. Inaugurado em 1882 como primeiro sistema de abastecimento de água da capital, funcionou até a década de 1940, quando deu lugar à estação de tratamento. Depois de décadas de abandono, foi revitalizado em 2007 e transformado em museu.
A turismóloga Tahis Nishimura, coordenadora do espaço, lembra que a caixa d’água foi fundamental para a cidade. “Era uma obra inovadora para o século XIX, garantindo abastecimento para cerca de 30 mil habitantes. Hoje, o visitante encontra aqui não só parte dessa história, mas também um espaço vivo de cultura e educação”, afirma.
Com média de mil visitantes por mês, número que aumenta durante as férias escolares, o museu recebe público de Cuiabá, Várzea Grande, outros municípios de Mato Grosso, além de turistas de diferentes partes do Brasil e do mundo. Exposições temporárias como a de Antônio Vieira renovam a programação e atraem novos públicos.
“Esperamos um grande número de visitantes para prestigiar o trabalho do Antônio, que é membro da Artemat (Associação dos Artistas Plásticos do Estado de Mato Grosso). Quem vier, além de apreciar as telas, vai conhecer um patrimônio arquitetônico singular, inspirado nos aquedutos romanos, e compreender como funcionava o primeiro sistema de abastecimento da cidade”, destaca Nishimura.
Além de expor suas obras, Vieira reforça a importância da participação popular no movimento cultural. “Gostaria que as pessoas vissem mais esse lado das artes e se envolvessem. Quem tem vocação deve se dedicar, estudar, praticar e, acima de tudo, gostar do que faz. Essa é a chave da felicidade”, resume o artista.