DECISÃO ALIMENTA POLARIZAÇÃO
“Não vi tiro, não vi tanque…Pensar nunca foi crime neste país”, diz Mauro sobre condenação de Bolsonaro
Patrícia Neves

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), comentou nesta sexta-feira (12) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, proferida na tarde de quinta-feira (11) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em tom crítico, Mendes classificou a decisão como um “julgamento político” e defendeu a anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
“Eu não conheço os detalhes do processo, não vou aqui desrespeitar o Supremo Tribunal Federal. Mas, como brasileiro, eu não vi nenhum tiro, eu não vi nenhum tanque na rua. Pensar em fazer algo nunca foi crime nesse país”, afirmou o governador.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado, além de 124 dias-multa, por incitar e organizar atos antidemocráticos com objetivo de atentar contra o Estado democrático de direito.
Mauro Mendes disse ter visto “muitos equívocos” na cobertura jornalística do caso e afirmou que o julgamento “continua alimentando a polarização política no país”. “É mais um capítulo que continua dividindo o Brasil. Enquanto isso, a dívida pública cresce, os juros sufocam a economia, a previdência tem déficits históricos, e nada disso se discute”, criticou.
O governador também comparou os atos de 8 de janeiro com outras manifestações já vistas no país. “As pessoas do 8 de janeiro fizeram algo errado? Fizeram, sim. Mas eu já vi o MST invadir o Congresso Nacional, depredar prédios públicos em todo o Brasil. E eu nunca vi ninguém ser preso ou condenado a 14, 17 anos”, afirmou.
Mendes voltou a defender a aprovação de uma lei de anistia, já debatida no Congresso Nacional. “Eu lamento profundamente esse capítulo da nossa história. Reforço minha convicção pela anistia, porque já foi feita anistia várias vezes neste país — para torturadores, para pessoas que cometeram grandes crimes — e ninguém viu isso”, declarou.
O governador concluiu sua fala pedindo pacificação: “Defendo a anistia mais ampla possível, aquela que pacifique o Brasil, que traga o país de volta ao rumo e deixe de valorizar polarizações que não contribuem em nada para colocar comida na mesa dos brasileiros, nem para resolver os grandes e graves problemas do país”.