CADÊ A APLICAÇÃO DA LEI?
Janaina Riva denuncia violência política de gênero: “Nos querem humilhadas e caladas”
Patrícia Neves
Durante evento realizado na manhã desta segunda-feira (8) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), a deputada estadual Janaina Riva (MDB) fez um discurso contundente sobre a violência política de gênero, destacando as agressões simbólicas e estruturais enfrentadas por mulheres que atuam na vida pública.
“Quando se fala de violência política, nós – vereadoras, deputadas, prefeitas, vice-prefeitas – temos um livro de histórias tristes para contar”, afirmou. Para Janaina, esse tipo de violência vai além da tentativa de desmoralizar a imagem da mulher pública: tem como objetivo humilhar, envergonhar e fragilizar emocionalmente quem ousa ocupar espaços historicamente masculinos.
“Essa violência quer nos fazer rastejar, quer que a gente sinta vergonha diante da nossa família, dos nossos filhos, das pessoas que estão ao nosso redor”, disse.
A parlamentar explicou que a violência política de gênero é uma das formas mais agressivas de ataque à mulher, pois atinge sua capacidade intelectual e competência profissional. “Ela questiona a nossa habilidade, a nossa inteligência, como se não fôssemos capazes de exercer o poder”, destacou.
Janaina relembrou casos de agressões verbais a prefeitas e vereadoras, que foram publicamente chamadas de “prostitutas”, “cachorras no cio” ou acusadas de loucura. “Essa violência é cruel porque desestabiliza, adoece, mina nossa autoestima. Nos fazem parecer histéricas, fúteis, preocupadas apenas com a aparência. Isso não é aceitável”, criticou.
A deputada também reconheceu os avanços na legislação, mas cobrou efetividade na aplicação da lei e uma postura mais firme do Judiciário e do Ministério Público. “Na lei é tudo muito bonito, mas na prática, muitas vezes, não funciona. A legislação precisa sair do papel e proteger de verdade quem está na linha de frente”, enfatizou.
Ao final, Janaina defendeu o fortalecimento das Procuradorias da Mulher nos municípios como forma de ampliar o acesso das mulheres aos mecanismos de denúncia e proteção. Segundo ela, essa era uma das grandes lutas da desembargadora Maria Erotides Kneip, referência no combate à violência doméstica em Mato Grosso.
“Não aceitamos mais que tudo fique apenas na denúncia. Estamos cobrando o Judiciário, cobrando o Ministério Público. Não queremos vingança. Queremos justiça por tudo que enfrentamos até hoje”, finalizou.