OPERAÇÃO PRIMATUS
Facções e empresários atuavam em frentes distintas em esquema de extorsão e tráfico
Patrícia Neves
As investigações que resultaram na deflagração da Operação Primatus revelaram a existência de dois grupos distintos atuando em Aripuanã (MT): de um lado, faccionados responsáveis pelo tráfico de drogas e, de outro, empresários que utilizavam suas empresas para receber recursos oriundos de extorsões praticadas contra garimpeiros e comerciantes de ouro na região.
De acordo com a Polícia Civil, não há vínculo direto entre os grupos, mas ambos contribuíam para a expansão das atividades criminosas no município. Algumas empresas tiveram as atividades suspensas por determinação judicial. Apesar de possuírem objetos sociais relacionados a setores como transporte e logística, na prática eram utilizadas para movimentar e lavar valores cobrados ilegalmente.
A investigação também identificou que parte da estratégia das facções incluía ações de “assistencialismo criminoso”, com a distribuição de cestas básicas a famílias locais como forma de impor lealdade e reduzir a chance de denúncias às autoridades. Em troca, moradores eram pressionados a colaborar ou a se inserir em atividades ilícitas.
Mesmo presos em unidades prisionais de Cuiabá e de outras cidades, líderes da organização continuavam controlando o tráfico em Aripuanã, autorizando a entrada de drogas, definindo preços e determinando ações na região. Ordens partiam de dentro do sistema penitenciário e eram executadas por integrantes em liberdade, enquanto uma liderança local permanece foragida.
Até o momento, dez prisões foram cumpridas, além do bloqueio de valores, sequestro de veículos e apreensão de armas de fogo. A Polícia Civil confirmou que as investigações seguem em andamento, com o objetivo de identificar todos os envolvidos e enfraquecer a atuação das facções e empresários no esquema.
A Operação Primatus foi realizada nesta terça-feira (16) pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e Delegacia de Aripuanã, com apoio do Ministério Público, do Poder Judiciário e de aeronaves do Ciopaer.