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Abílio diz que PL não pode traçar planos sem ouvir Bolsonaro, mesmo após condenação
Kamila Araújo
“Não se pode criar planos sem ouvir o Bolsonaro. Quem toma essa decisão é ele”. Esse é o posicionamento do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL) quanto a candidatura da direita a presidência da república no pleito do próximo ano.
Para ele, o partido não deve traçar qualquer plano para a disputa presidencial sem ouvir o ex-presidente, mesmo diante da recente condenação do líder bolsonarista a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Segundo o gestor municipal, a decisão sobre o futuro do PL e a escolha de um eventual nome alternativo à presidência passa obrigatoriamente por Bolsonaro.
A declaração foi feita após ser questionado sobre a possibilidade de o PL lançar outro nome ao Palácio do Planalto, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), diante da inelegibilidade e da condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Abílio, o cenário ainda é instável e pode mudar até as eleições. Ele compara a situação de Bolsonaro à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também foi condenado e preso, mas teve seus direitos políticos restituídos em 2021 após decisões do Supremo.
“O Brasil é imprevisível. Pode acontecer de reverter, pode ser que não. Vai depender do momento político. Essa decisão do STF foi política. No ano que vem, os ministros podem mudar de entendimento, como fizeram com o Lula”, avaliou o prefeito.
Críticas à articulação sem aval de Bolsonaro
O prefeito também comentou o movimento de alguns setores do PL que já discutem alternativas à ausência de Bolsonaro na disputa de 2026. Para ele, é um erro antecipar qualquer articulação sem o aval do próprio ex-presidente.
“O que o Carlos Bolsonaro quis dizer, talvez de uma forma diferente, é que o pai dele ainda não tomou nenhuma decisão. E tem gente fazendo planos sem consultar o próprio Bolsonaro”, completou.
Abílio esteve recentemente em Brasília, onde manteve diálogo com lideranças do PL e integrantes do núcleo político do bolsonarismo, e reafirmou que Bolsonaro ainda é a principal liderança da direita brasileira.
Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e associação criminosa armada, em decisão que teve votos de ampla maioria dos ministros da Corte.
A sentença reforçou a inelegibilidade do ex-presidente, já definida em julgamento anterior pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e abriu novo capítulo de incerteza sobre o comando político do PL.
Apesar disso, a legenda ainda não anunciou oficialmente um nome alternativo para a disputa presidencial de 2026. Internamente, nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema (Novo) e até Michelle Bolsonaro são cogitados nos bastidores.