MESA TÉCNICA
Moretti negocia mudanças com empresa de transporte e avisa: “Se não cumprir, não renovo contrato”
Kamila Araújo
A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), afirmou que está em curso uma negociação técnica com a empresa Pantanal Transportes, atual concessionária responsável pelo serviço de transporte coletivo no município, e garantiu que, caso a empresa não cumpra as cláusulas acordadas, o contrato não será renovado em 2026.
Em vez disso, a Prefeitura lançará uma nova licitação, com possibilidade de entrada de outras empresas e divisão do sistema por lotes regionais. “Se a empresa não atender às adequações que estamos pontuando, não renovaremos. A concessão acaba e partimos para uma nova licitação”, assegurou Flávia.
Dívida de R$ 21 milhões e compensação
Segundo a prefeita, o município carrega um passivo de R$ 21 milhões com a empresa, decorrente de uma ação judicial movida em 2018, antes de sua gestão. Para avançar com as exigências, a Prefeitura está negociando a compensação parcial da dívida e um parcelamento a longo prazo como parte do acordo.
“É mais uma herança que estamos resolvendo. A empresa concordou em negociar o débito para que possamos investir em melhorias urgentes no sistema”, disse.
Embora o contrato atual da empresa só vença em 2026, Flávia antecipou que já está em curso a elaboração de um novo modelo de concessão privada, que dependerá da conclusão do Plano de Mobilidade Urbana de Várzea Grande.
A prefeita informou ainda que a próxima concessão poderá ser dividida por lotes, permitindo a entrada de mais de uma empresa e melhor cobertura dos bairros. Até lá, o município trabalha com uma proposta de renovação transitória por dois anos, se houver pré-disposição da atual empresa em melhorar a frota em diversas vertentes.
Exigências: nova frota, Wi-Fi e fiscalização por GPS
Nas negociações em andamento, a Prefeitura está exigindo renovação da frota, com idade máxima de 10 anos para os veículos, instalação de Wi-Fi, climatização de 80% da frota e adesivagem dos ônibus municipais para diferenciá-los dos intermunicipais.
Além disso, será obrigatório o compartilhamento do sistema de GPS com a Prefeitura, para que a fiscalização das linhas ocorra em tempo real.
“Hoje operam 41 ônibus. Nós exigimos o cumprimento de um mínimo de 58 ônibus, com 6 de reserva técnica, e renovação imediata de 12 veículos ainda neste ano”, detalhou.
Críticas à qualidade e promessas de fiscalização
A prefeita reconheceu que o sistema enfrenta três gargalos principais: quantidade de veículos, qualidade dos serviços e tempo excessivo de viagem. Ela também mencionou que, enquanto em Cuiabá a tarifa técnica chega a R$ 11, a média em Várzea Grande gira em torno de R$ 8,78, o que segundo a empresa, dificulta novos investimentos — argumento que, para a prefeita, não justifica a falta de melhorias.
“Não é desculpa. Com ou sem tarifa técnica mais alta, a população precisa de ônibus que funcionem, que cheguem nos bairros, com conforto e pontualidade.”
A prefeitura também exigiu que uma agência reguladora participe da nova fase contratual, como forma de garantir transparência no cálculo tarifário e nos investimentos exigidos.
Uma nova rodada de negociação está marcada para o dia 6 de outubro, quando será apresentada a planilha técnica de investimentos da empresa e discutida a tarifa do novo modelo.
“A conversa está sendo positiva, mas temos metas claras, prazos definidos e compromissos a serem cumpridos. Ou cumpre, ou abriremos as portas para um novo processo com outras empresas”, finalizou a prefeita.