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ENTREVISTA ESPECIAL

O impacto invisível do feminicídio: 80 crianças ficaram órfãs em Mato Grosso apenas neste ano

Nickolly Vilela

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Entre os números frios da violência contra a mulher em Mato Grosso, há uma estatística que revela o alcance silencioso do feminicídio: pelo menos 80 crianças ficaram órfãs apenas em 2025. O dado é do Observatório Caliandra e mostra que, por trás de cada mulher morta, há uma família desfeita e um ciclo de dor que atravessa gerações.

A defensora pública Rosana Leite, referência no enfrentamento à violência de gênero no estado, explica que os efeitos do feminicídio vão muito além da perda imediata. “Grande parte das pessoas presas que conheci vivenciaram violência contra a mulher na infância. Viram a mãe sendo agredida e muitas foram vítimas de violência sexual. Essa violência se perpetua e deságua na sociedade”, afirmou.

Rosana ressalta que o impacto desse tipo de crime é social e estrutural, e que o Estado ainda não consegue oferecer suporte integral a essas crianças. Embora o atendimento direto às vítimas indiretas filhos e familiares seja responsabilidade do Poder Executivo, a Defensoria Pública tem atuado para garantir acompanhamento jurídico e assistência.

“Existe uma norma federal que prevê o pagamento de auxílio financeiro a órfãos de vítimas de feminicídio, uma medida que consideramos o mínimo de amparo”, explica. Em Cuiabá, cerca de 19 crianças e adolescentes recebem atualmente o benefício, criado em 2019. “Não traz a mãe de volta, mas é um alento para garantir um pouco de qualidade de vida”, complementou a defensora.

Para Rosana, o maior desafio ainda é romper o silêncio. Muitas mulheres vivem sob ameaça e não buscam ajuda por medo de represálias ou descrédito. “A violência doméstica é crime, e o poder público é quem deve enfrentá-la. O maior desafio da sociedade é dar crédito à palavra das mulheres. Fomos desacreditadas por muito tempo. Hoje, quando se fala em violência, não deve haver dúvida sobre quem é a vítima e quem é o agressor, porque as estatísticas mostram isso com clareza”, destacou.

Mesmo diante dos avanços legais, a defensora reconhece que a rede de proteção ainda é frágil. “Falta fortalecimento dos órgãos que fazem parte desse atendimento. A violência contra a mulher é complexa e atinge diversas áreas da vida, então é preciso que o poder público como um todo atue de forma efetiva e integrada”, concluiu.

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