NO CENTRO-OESTE
Trata Brasil alerta para os riscos de desabastecimento até 2050: 12 dias de racionamento por ano
Da Redação
A água potável no Brasil vai acabar? Com essa pergunta em mente, o
Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria EX ANTE, produziu o estudo “Demanda
Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas”. O material tem
como objetivo projetar cenários de demanda futura de água nas moradias brasileiras em 2050, apontando as principais variáveis que influenciam as diferentes tendências de crescimento do consumo.
Segundo a pesquisa, o Brasil pode viver uma nova era de racionamentos de água até 2050. Em média, o país enfrentaria 12 dias de interrupção no abastecimento por ano, mas, em regiões mais secas como Nordeste e Centro-Oeste, o número pode ultrapassar 30 dias.
A ampliação de oferta de água, vinda com a universalização dos serviços de saneamento, é uma das componentes da expansão no consumo de água projetada. As demais componentes estão associadas à expansão demográfica e ao crescimento econômico. Fatores como a temperatura das cidades, umidade relativa do ar, número de dias de precipitação, urbanização e tarifa também possuem forte influência na oferta e demanda de água nas cidade.
O QUE AFETA O CONSUMO DE ÁGUA?
O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma área de mais de 8 milhões de quilômetros
quadrados e mais de 200 milhões de habitantes (IBGE, 2023). Dada essa dimensão, é natural
que as tendências de consumo de água variem de uma região para outra no país. De acordo
com os modelos estatísticos do estudo, quanto maior o grau de urbanização de uma cidade,
maior o consumo diário per capita de água. A cada aumento de um ponto percentual na
população urbana do município, espera-se um crescimento de 0,96% no consumo de
água.
Outros aspectos que afetam o consumo de água são a tarifa e a temperatura. Foi constatado
que grandes variações de preço estão associadas a pequenas variações na demanda, o que
reflete um comportamento típico de serviços com preços regulados. Além disso, a temperatura máxima das cidades também é um fator relevante para o consumo, interferindo de forma positiva no nível de demanda: quanto mais quente, maior o consumo per capita diário. Para cada grau Celsius adicional, a demanda por água cresce 24,9%. A umidade relativa do ar interfere no consumo per capita de água: quanto maior a umidade relativa do ambiente, maior o consumo.
Na média das cidades brasileiras, a cada aumento de um ponto percentual na umidade relativa do ar, o consumo per capita de água cresce 3,6%. O número de dias de precipitação também impacta a oferta per capita de água: cidades com
chuvas mais frequentes estão associadas a níveis de oferta mais elevados. Em média, nas
cidades brasileiras, a cada dia adicional de chuva na média mensal, o consumo per capita de
água aumenta em 17,4%. Assim, municípios em áreas tropicais, com temperaturas elevadas ou localizados próximos ao litoral, apresentam maior oferta de água em relação a cidades situadas no semiárido brasileiro. Estas regiões, embora também registrem temperaturas elevadas, têm pouca precipitação, o que ocasiona restrições na oferta de água nas áreas de cerrado e caatinga.


