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“Lei hipócrita e ineficiente”: Mendes defende classificar facções como terroristas e cobra leis mais duras no país
Da Redação
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), defendeu na manhã desta sexta-feira (31) a adoção de leis mais duras contra o crime organizado e afirmou que o Brasil precisa classificar facções criminosas como grupos terroristas, a exemplo do que já foi feito na Argentina e no Paraguai.
O governador criticou o que chamou de “ineficiência do sistema legal brasileiro” e cobrou do Congresso Nacional a criação de “leis mais inteligentes e eficientes” para combater o avanço das organizações criminosas em todo o país.
“Todo o Brasil tem facções criminosas atuando. São mais de 70 espalhadas por todo o território nacional. A segurança pública não está bem no Brasil inteiro e nós precisamos mudar os marcos legais e dar instrumentos melhores”, afirmou.
Mauro Mendes disse que o atual sistema jurídico “tolhe a ação das forças policiais”, comparando a situação a uma corrida em que o Estado “manda o policial competir, mas o amarra com uma algema no pé e uma bola de ferro”.
Facções como terrorismo
O governador defendeu que grupos como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) sejam enquadrados como organizações terroristas.
“O que é terrorismo? É praticar terror, agir com brutalidade e atrocidade. Cortar a cabeça de alguém, arrancar o coração e exibir isso publicamente — pela lei brasileira, isso não é terrorismo. Pelo amor de Deus, isso é uma lei hipócrita e ineficiente”, declarou.
Ele criticou o fato de que, segundo a legislação atual, o terrorismo está restrito a crimes de motivação ideológica, religiosa ou de discriminação, mas não alcança a violência extrema praticada por facções.
Críticas a ONGs e “politização”
Questionado sobre as investigações envolvendo operações policiais e possíveis excessos, Mauro Mendes rebateu críticas de organizações da sociedade civil e pediu que essas entidades também fiscalizem os homicídios cometidos por criminosos.
“No ano passado, mais de 40 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, cerca de 120 por dia. Quase 80% dessas mortes são causadas por facções. Eu sugiro a essas mesmas ONGs que façam autópsia diária dessas 100 mortes cometidas pelos criminosos, não só das ocorridas no Rio de Janeiro”, ironizou.
O governador também afirmou que o debate sobre segurança pública não deve ser contaminado por disputas políticas ou ideológicas.
“Temos que deixar a eleição de lado, deixar a política de lado e atacar o problema. A segurança pública exige prática e resultado, não debates ideológicos”, disse.
Leis brandas e sensação de impunidade
Mendes relatou que, em Mato Grosso, criminosos reincidem com facilidade devido às penas brandas e ao rápido retorno às ruas.
“Tem gente sendo presa duas ou três vezes na mesma semana. Crimes como estelionato e extorsão têm penas muito pequenas. Milhões de brasileiros estão sendo lesados e os responsáveis continuam soltos no dia seguinte”, destacou.
O governador negou que suas declarações tenham relação com possíveis planos eleitorais e afirmou que fala “como cidadão e gestor”.
“Não estou pensando em 2026. Estou pensando em resolver um problema real que aflige a todos nós. Décadas de ineficiência do poder público nos trouxeram até aqui. Para mudar isso, é preciso coragem, estratégia e ação”, completou.


