CONCESSÃO EM RISCO
Deputado cobra Alckmin e Energisa por falta de energia que trava ZPE em Mato Grosso
Nickolly Vilela
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), voltou a cobrar investimentos da Energisa e criticou a condução da renovação antecipada da concessão de energia no estado, que, segundo ele, tem ocorrido sem diálogo com a população e com risco de prejudicar o crescimento econômico de regiões estratégicas.
Em entrevista nesta semana, o parlamentar classificou como “lamentável” a postura da concessionária, que estaria conduzindo as discussões sobre a prorrogação do contrato “a portas fechadas, em Brasília”, sem ouvir os representantes locais.
“A Energisa quer discutir com dois ou três dentro de uma sala que não conhecem a realidade do estado de Mato Grosso. Não sabem das nossas dificuldades, dos municípios que querem receber empresas, mas não conseguem por falta de energia de qualidade”, criticou.
Russi destacou que a falta de estrutura energética tem travado a instalação de novas indústrias e queixas se multiplicam no interior do estado.
“Tem município que queima máquina, perde equipamento, e as empresas desistem de investir. É inadmissível que isso continue acontecendo enquanto o Estado cresce em todas as áreas”, afirmou.
Um dos exemplos citados pelo deputado é a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres, recém-inaugurada e considerada uma das grandes apostas para impulsionar a economia do estado. Segundo Russi, uma empresa interessada em se instalar no local desistiu do projeto devido à falta de infraestrutura energética adequada.
O parlamentar revelou que o investimento necessário para atender a demanda da ZPE gira em torno de R$ 100 milhões, mas ainda não saiu do papel.
“O secretário César Miranda me falou de uma grande empresa que queria se instalar lá e não foi porque a energisa não fez o investimento para puxar a rede até o local. É uma empresa que poderia gerar entre três e cinco mil empregos e mudar a realidade do município de Cáceres. Isso é gravíssimo”, alertou.
Max enfatizou que o tema foi pauta durante a visita do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), a Mato Grosso, quando reforçou pessoalmente a necessidade de melhorias urgentes na infraestrutura elétrica.
“Falei disso diretamente com o presidente Alckmin. Ele tem poder de decisão e pode ajudar nessa pauta. Nós somos um estado campeão de produção, mas a energia está travando o nosso desenvolvimento”, destacou.
Segundo o parlamentar, embora faltem dois anos para o fim do atual contrato, a discussão sobre a renovação da concessão da Energisa já começou e, na sua avaliação, não pode ser antecipada sem transparência e contrapartidas claras.
“É estranho antecipar essa renovação. Precisamos saber como ela será feita, quais benefícios vai trazer e, principalmente, garantir que a população e os municípios sejam ouvidos”, defendeu.
Apesar das críticas, Max Russi ressaltou que não é contrário ao modelo de concessão do setor elétrico, mas cobra planejamento e compromisso da empresa com os investimentos prometidos.
“Eu não sou contra a concessão, muito pelo contrário. A iniciativa privada pode tocar bem, tem condições de tocar bem. O que não dá é para renovar contrato sem discutir com quem vive o problema na ponta”, enfatizou.


