COMPROMETE AS FINANÇAS
Reajuste do TJ pode paralisar obras e custar R$ 1,6 bilhão devido a efeito cascata, diz Mauro Mendes
Kamila Araújo
O governador Mauro Mendes (União Brasil) voltou a criticar, nesta quarta-feira (5), o projeto que concede reajuste salarial de 6,38% aos servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), em tramitação na Assembleia Legislativa. Mendes afirmou que o aumento pode gerar um “efeito cascata” nos demais poderes e comprometer as finanças do Estado, chegando a ameaçar a paralisação de obras e investimentos.
Segundo ele, o impacto estimado de R$ 1,6 bilhão por ano, caso isso se concretize.
“Se der 7% de aumento para o Judiciário, por que a Assembleia não vai querer também 7%? Por que o Ministério Público não vai querer? E o Executivo, que está mais defasado, também vai reivindicar. Aí sim serão R$ 1,6 bilhão a mais por ano, e vamos ter que cortar verba da imprensa, das prefeituras, de estradas, de escolas e até de hospitais”, declarou o governador.
Mendes também reagiu às manifestações de servidores do Judiciário, que ameaçam deflagrar greve para pressionar os deputados pela aprovação do projeto. O governador afirmou que não cederá a pressões e que sua posição é baseada em responsabilidade fiscal.
“Comigo não funciona ameaça de greve. Se funciona em outro lugar, com o governador Mauro Mendes não funciona. Eu não faço enfrentamento com ninguém, mas tomo as decisões que cabem a mim com base em dados e na realidade do Estado”, disse.
Ele ainda destacou a disparidade entre os salários médios do Judiciário e do Executivo, afirmando que os servidores do TJ recebem valores muito acima da média dos demais poderes. Para Mendes, o argumento de que o reajuste seria “justo e equilibrado” não se sustenta diante da diferença remuneratória existente.
“O salário médio do Executivo é muito menor que o do Judiciário. Então, essa justificativa de que não vai ter impacto é fantasiosa. Todos os dias eu recebo pedidos de aumento do duodécimo. Mas se eu der mais para um poder, preciso tirar de outro lugar. O dinheiro não é meu, é do cidadão”, afirmou.
Mendes reiterou que não pretende enviar nenhum projeto de lei que crie novos impostos para custear o reajuste ou eventuais aumentos em cadeia. Segundo ele, se o gasto for aprovado, será necessário realocar recursos de investimentos, comprometendo obras de infraestrutura e áreas essenciais.
“Se cria uma despesa nova, ou cria imposto novo. E eu não vou mandar nenhum projeto para criar imposto. Então, vai ter que cortar investimento. Vamos ter que fazer uma lista: quantas escolas deixarão de ser construídas, quantas estradas e hospitais serão paralisados. É simples assim”, advertiu.
Projeto sob pressão
O projeto de reajuste, de autoria do Tribunal de Justiça, foi aprovado em primeira votação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), mas ainda aguarda análise definitiva após pedido de vista de parlamentares. O texto prevê reajuste linear de 6,38%, alegando recomposição inflacionária e disponibilidade orçamentária dentro do duodécimo do Judiciário.



