OPERAÇÃO CLEÓPATRA
Justiça solta empresária líder de esquema que gerou prejuízo de R$ 2,5 milhões
Da Redação
A Justiça de Mato Grosso decidiu revogar a prisão domiciliar da empresária Taiza Tosatt Eleotério, investigada por liderar um esquema de pirâmide financeira desmantelado na Operação Cleópatra e que apura crimes que podem chegar a R$ 2,5 milhões. A decisão também determinou a retirada imediata da tornozeleira eletrônica em razão do estado avançado de gravidez da ré, que está prestes a entrar em trabalho de parto.
O pedido foi apresentado pela defesa, que anexou laudo médico apontando riscos à gestante caso o monitoramento eletrônico permanecesse no corpo durante o parto. O documento alerta para possibilidade de interferência em equipamentos médicos de alta precisão, além de problemas circulatórios e inchaço nos membros inferiores. O Ministério Público se manifestou favorável ao pleito.
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, ao analisar o processo, destacou que Taiza vinha cumprindo todas as condições da prisão domiciliar há meses, sem registros de violação, o que reforçou a possibilidade de substituição da medida. Ele citou ainda decisões de outros tribunais que reconhecem a necessidade de remoção da tornozeleira em gestantes, com base nos princípios da dignidade da pessoa humana e do melhor interesse da criança.
A prisão domiciliar foi substituída pelas seguintes medidas cautelares: proibição de usar redes sociais e participar de grupos em aplicativos de mensagens; comparecimento obrigatório a todos os atos judiciais; comparecimento mensal em juízo para informar e justificar suas atividades; proibição de se ausentar da comarca sem autorização judicial; manutenção da suspensão do passaporte. A Central de Monitoramento foi comunicada com urgência para retirar o equipamento.
Operação Cleópatra: o esquema milionário
Taiza Tosatt Eleotério é apontada como líder do esquema financeiro descoberto na Operação Cleópatra, deflagrada pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon) em 31 de outubro de 2024. A investigação revelou que ela se apresentava como especialista em investimentos por meio da empresa DT Investimentos, prometendo lucros diários entre 2% e 6%.
Com forte presença nas redes sociais e uma imagem construída para inspirar confiança — jovem, bem-sucedida e articulada —, Taiza atraiu dezenas de vítimas que chegaram a investir valores superiores a R$ 100 mil. Nos primeiros meses, os investimentos eram pagos regularmente, incentivando novos aportes. Em seguida, os repasses cessaram e a empresária deixou de responder às vítimas.
O grupo contava ainda com um médico, que atuava como diretor administrativo, e um ex-policial federal, que era gestor de negócios. Juntos, movimentaram valores que destruíram o planejamento familiar de amigos, familiares e outros investidores.
As ordens judiciais da Operação Cleópatra foram cumpridas em Cuiabá, Jaciara, Rondonópolis e Sinop. Taiza foi presa no aeroporto de Sinop quando retornava de uma viagem ao Nordeste. Nas buscas, a polícia apreendeu uma caminhonete Ford Ranger, documentos e cheques de alto valor, além de munições pertencentes ao atual companheiro da empresária, que foi autuado por posse ilegal.


