Flamengo e Palmeiras chegam à final da Libertadores de 2025 vivendo um dos maiores momentos de protagonismo de suas histórias, cenário impensável há pouco mais de uma década. Em 2013, os dois gigantes atravessavam uma das fases mais caóticas de suas existências: dívidas impagáveis, salários atrasados, perda de credibilidade e elencos desmontados. Hoje, brigam pelo tetracampeonato continental.
Anos sombrios
Na virada da década passada, a crise tomou conta dos dois clubes. O Flamengo acumulava cerca de R$ 800 milhões em dívidas e não conseguia pagar nem seus próprios funcionários. O Palmeiras, recém-rebaixado e com mais de R$ 540 milhões em obrigações, vivia situação parecida, atrasos salariais, dificuldades para contratar e ambiente interno desorganizado.
Os dois passaram a ser rejeitados no mercado, como relembra Luciano Paciello (ex-CFO do Palmeiras): “A imagem era péssima em todos os aspectos”. No Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello relata a humilhação cotidiana: “Era um clube sem moral; vivíamos notícias de despejo, falta de pagamento e promessas não cumpridas”.
O corte na carne
As viradas começaram em 2013, com as gestões de Paulo Nobre (Palmeiras) e Bandeira (Flamengo). Ambas adotaram medidas duras: contenção radical de gastos, renegociações longas, pagamentos em dia e priorização absoluta do equilíbrio financeiro. O resgate da credibilidade foi o primeiro passo para a reconstrução.
Com o tempo, chegaram os reforços que mudaram o rumo esportivo: no Palmeiras, nomes como Dudu e Zé Roberto; no Flamengo, Guerrero, Diego Ribas, Éverton Ribeiro e Diego Alves.
A colheita
A partir de 2015, o efeito ficou claro. O Palmeiras voltou ao protagonismo conquistando Copa do Brasil e Brasileirão em sequência. O Flamengo, após estabilizar suas contas, atingiu o auge em 2019 e seguiu acumulando títulos nacionais e continentais. A receita dos dois clubes explodiu, e as dívidas deixaram de ser o fantasma que eram.
Agora, a disputa pelo tetra
Doze anos após viverem o caos, Flamengo e Palmeiras se encontram no centro do futebol sul-americano, decidindo a Libertadores deste sábado (29), às 17h (horário de Cuiabá), em Lima. Um dos dois sairá do Peru como o primeiro tetracampeão brasileiro da história do torneio.
Um duelo que só existe porque, lá atrás, ambos tiveram coragem de “cortar na carne” e reconstruir tudo do zero.



