PRESIDENTE DA APEXBRASIL
“Brasil pode crescer até 50% na produção agrícola com uso eficiente do território”, destaca Jorge Viana
Da Redação
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, defendeu nesta segunda-feira (24) uma abordagem baseada no diálogo, na ciência e no equilíbrio entre produção e preservação ambiental ao comentar os desafios relacionados à demarcação de terras indígenas e ao crescimento das exportações brasileiras. As declarações foram feitas durante evento oficial da Apex, que reuniu autoridades, produtores e representantes do setor econômico. Há cerca de dez dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a criação de três novas Terras Indígenas em Mato Grosso, o que gerou forte repercussão política e preocupação.
Viana ressaltou que temas como regularização fundiária, conflitos territoriais e expansão da produção agrícola precisam ser conduzidos com responsabilidade e articulação entre governo, setor produtivo e comunidades envolvidas. Ele relembrou sua experiência como relator do Código Florestal, em 2012, para ilustrar a importância desse equilíbrio.
“Meu objetivo nunca foi anistiar desmatamentos ilegais, e sim resolver um conflito enorme, que atingia cerca de 80 milhões de hectares no Brasil”, afirmou. “Hoje, está claro que temos cerca de 40 milhões de hectares que podem ser melhor aproveitados, sem necessidade de avançar sobre áreas sensíveis. Se bem utilizadas, essas terras podem aumentar nossa produção em até 50%.”
O presidente da Apex destacou ainda que a atual crise climática impõe novos desafios à agricultura e à pecuária brasileiras, exigindo políticas que aliem tecnologia, sustentabilidade e segurança para o produtor rural.
“Quem planta depende da chuva na hora certa e da estiagem no momento adequado para colher. Com a mudança no regime climático, todos ficamos vulneráveis”, observou. Ele mencionou sua própria experiência como pequeno produtor de café para exemplificar os impactos diretos das alterações climáticas na produtividade.
Para Viana, não há contradição entre proteger o meio ambiente e permitir o avanço econômico do país. Pelo contrário: as duas agendas caminham juntas. “Qualquer tentativa de produzir desconsiderando o meio ambiente é prejudicial a todos”, afirmou.
“A demarcação de terras indígenas e a proteção dos povos originários são necessárias. Quando houver conflito, que se resolva pelo bom senso e pelo diálogo.”
Recorrendo à sua trajetória como governador do Acre, Viana defendeu que o ordenamento territorial, o respeito às leis e a criação de regras claras são fundamentais para harmonizar interesses.
“Quando fui relator do Código Florestal, minha intenção era tirar a polícia e o Ministério Público de dentro das propriedades. Isso só ocorre quando há paz, harmonia e respeito às áreas de conservação”, disse.
Ele lembrou que, durante seus oito anos de gestão estadual, o Acre registrou estabilidade fundiária, demarcação de terras indígenas e crescimento significativo da atividade produtiva. “O PIB do Acre cresceu cinco vezes quando fui governador. Isso aconteceu porque trabalhamos com zoneamento, regras claras e diálogo permanente.”
Para Viana, o Brasil tem condições únicas para avançar simultaneamente na proteção ambiental e no aumento da produção rural.
“Um país continental como o nosso pode viver em harmonia, desde que todos saibam onde podem atuar, quais são suas responsabilidades e que exista sempre alguém disposto a promover o diálogo.”
As áreas recentemente criadas são as Terras Indígenas Estação Parecis (Diamantino), Manoki (Brasnorte) e Uirapuru (Campos de Júlio, Nova Lacerda e Conquista D’Oeste).



