DITADURA FACCIONAL
Mulher é submetida a “casamento” com criminoso antes da execução do marido por facção
Da Redação
A Polícia Civil de Mato Grosso revelou, nesta sexta-feira (5), detalhes chocantes do caso que motivou a Operação Ditadura Faccional CPX, deflagrada para cumprir 11 mandados de prisão e 11 de busca e apreensão contra envolvidos em homicídios e crimes de tortura em Cuiabá e Várzea Grande.
Entre os crimes investigados está o assassinato de José Wallefe dos Santos, ocorrido em agosto, em um complexo habitacional de Várzea Grande. A vítima, sua esposa e o filho de dois anos foram sequestrados por integrantes de uma organização criminosa, em meio a uma disputa por território. José foi torturado e morto; seu corpo só foi encontrado dias depois, enterrado em uma cova rasa, já em avançado estado de decomposição.
O delegado Nilson Farias, da Delegacia de Homicídios, detalhou a crueldade dos criminosos e a pressão silenciosa imposta aos moradores da região, que vivem sob medo constante de represália.
“Não temos apenas a ditadura militar na história. Vivemos também a ditadura imposta por facções nos bairros. A população tem medo de falar. Quando morre alguém, muitos não sabem a quem recorrer. As testemunhas que ouvimos demonstram pavor”, afirmou.
Segundo o delegado, a família da vítima passou por um cenário de terror extremo. A esposa de José teve o braço quebrado e foi usada como instrumento de coerção pelos criminosos, que tentavam acessar informações do celular do marido.
“A família foi sequestrada no Dia dos Pais. A criança ficou com uma moradora do residencial. A esposa foi levada à força, agredida e obrigada a provar que o marido não era de uma facção rival. Quando descobriram que ele não pertencia ao grupo inimigo, decidiram matá-lo mesmo assim”, relatou Farias.
O delegado revelou ainda que a mulher foi submetida a violência sexual reiterada por um dos criminosos, obrigada a permanecer com o agressor mesmo após o marido ter sido morto.
“Ela foi estuprada e coagida a um ‘relacionamento forçado’ com um faccionado. Era obrigada a voltar à delegacia e repassar as informações do inquérito a eles. Ela vivia em completo terror”, afirmou o delegado, classificando o caso como “um dos mais perversos já vistos pela unidade”.
A operação desta sexta-feira busca desarticular parte do grupo criminoso responsável pelo sequestro, tortura, homicídio e ocultação de cadáver. As ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Criminal de Várzea Grande após meses de investigação conduzida pela DHPP.
O delegado reforçou que o avanço das investigações só foi possível graças à atuação conjunta das forças de segurança e ao trabalho inicial do Corpo de Bombeiros, que colheu os primeiros indícios no local.
“Foi um caso que chocou até mesmo os profissionais mais experientes. A crueldade e a opressão impostas por esses grupos mostram que a população vive sob uma verdadeira ditadura paralela”, concluiu.



