Mendes defende pacificação e vê decisão da Câmara como “caminho possível” diante de crise fiscal e polarização
Da Redação
Após a Câmara dos Deputados aprovar, por 291 votos a 148, o projeto que reduz penas de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 – medida que também pode alcançar o ex-presidente Jair Bolsonaro – o governador Mauro Mendes voltou a defender que o país encontre um “ponto final” na disputa política que se arrasta desde então.
A proposta aprovada na madrugada de quarta-feira (10), um substitutivo apresentado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) ao PL 2162/23, determina que, quando os crimes de tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado forem praticados no mesmo contexto, prevalecerá apenas a pena mais grave, evitando a soma das condenações. O texto segue agora para o Senado.
Diante desse novo avanço legislativo, Mendes afirmou que o Brasil precisa superar o ciclo de confrontos que domina o debate público desde 2023.
“O Brasil precisa encontrar um ponto final para essa lenga lenga toda. Temos que pacificar o país, já defendi isso muitas vezes, defendi a anistia e continuo defendendo”, disse o governador. Ele ponderou, porém, que a política deve avançar dentro do que é viável: “Entre o ótimo e o possível, precisamos fazer o possível. Se a Câmara entendeu dessa forma, e a maioria absoluta votou nessa direção, é porque esse é o caminho viável.”
Mauro Mendes também demonstrou expectativa de que o Senado aperfeiçoe o texto aprovado pelos deputados. “Vamos esperar que o Senado possa melhorar um pouco, trazer novidades mais positivas e, ao final, votar um ponto final nisso”, afirmou.
O governador aproveitou para chamar atenção ao cenário fiscal delicado enfrentado pelo governo federal, lembrando alertas recentes de órgãos de controle.
“O Brasil está quase quebrando. A própria União já reconheceu que pode enfrentar um ‘shutdown’ em 2027 por falta de recursos para pagar contas básicas. Enquanto isso, ficamos o ano todo discutindo um único tema”, criticou.
Mendes ressaltou que, embora os episódios de 8 de janeiro sejam relevantes, há “outros temas urgentes” que o país precisa enfrentar, como a crise fiscal, investimentos, infraestrutura e geração de empregos. Por isso, defendeu que o Congresso busque soluções concretas e equilibradas.
“Se der para fazer a anistia, vamos fazer; se não der, avança-se na dosimetria, que já atende parte das reivindicações e abre espaço para novas discussões no futuro”, concluiu.
Com a votação da Câmara e as expectativas sobre o trâmite no Senado, o debate volta a ganhar força no cenário político nacional – agora com maior pressão por uma solução que possa encerrar, de forma institucional, um dos capítulos mais tensos da recente história democrática brasileira.



