Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Divulgação/PJC
Conversas divulgadas pela Polícia Civil mostram como agia o jovem de 15 anos, líder de um grupo criminoso, provocando automutilação de uma de suas vítimas. Esse mesmo menor, que é morador de Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), já foi alvo de outras duas operações policiais e agora vai ser internado.
O investigado faz chantagens contra a vítima, afirmando que encaminharia fotos e vídeos – provavelmente com nudez ou mutilação – para a mãe da vítima. Em outro trecho, ele pergunta: “gostou de se cortar pro papai?”. A vítima responde que sim.
Em outro trecho, a vítima identifica o agressor como “Hakei”. Ele dá uma ordem, a vítima diz que não quer, mas ele avisa que vai mostrar algo para a mãe dela. Em seguida, envia arquivos para a mulher.
“Quem é você?”, questiona a mãe. “Eu sou o dono da sua ….”. A mulher reage, afirma que vai procurar a polícia. Ele provoca. “Vai na delegacia fazer um bo contra mim mesmo sua…”. O agressor ainda chama mãe e filha de piranha.
Rede criminosa
As investigações identificaram uma rede de pessoas, com participação de adolescentes, que, de forma articulada, praticava crimes como indução, instigação ou auxílio à automutilação e ao suicídio, perseguição (stalking), ameaças, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, apologia ao nazismo e invasão de sistemas informatizados, incluindo acesso não autorizado a bancos de dados públicos.
As práticas criminosas ocorriam principalmente em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, nas quais os investigados disseminavam conteúdos de violência extrema, estimulavam comportamentos autodestrutivos, realizavam coação psicológica, ameaças e exposição pública de vítimas — em sua maioria, adolescentes — causando danos emocionais e psicológicos severos.
“O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Laboratório, promoveu a integração operacional entre as Polícias Civis dos estados, possibilitando uma ação coordenada, simultânea e robusta. A troca de informações e o alinhamento entre os estados foram fundamentais para que essa operação atingisse abrangência nacional, visando proteger nossas crianças e adolescentes e responsabilizar aqueles que se escondem no ambiente digital para praticar crimes tão graves”, destacou Rodney Silva, diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do MJSP.
De acordo com Gustavo Godoy Alevado, delegado adjunto da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos, “a Operação Mão de Ferro 2 é resultado de um trabalho investigativo minucioso conduzido pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos da Polícia Civil de Mato Grosso, em parceria com o Ciberlab do Ministério da Justiça. A deflagração da operação é uma resposta firme e coordenada do Estado à violência digital contra crianças e adolescentes”.