Cattani defende investigação de kits agrícolas, critica vazamento de relatório e isenta Pivetta

O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) defendeu, na manhã desta quarta-feira (2), a apuração das denúncias envolvendo um suposto superfaturamento na aquisição de 25 mil kits agrícolas por meio da Secretaria de Agricultura Familiar de Mato Grosso (SEAF) e reforçou a conduta correta do vice-governador Otaviano Pivetta. Os kits foram adquiridos com recursos destinados por emendas parlamentares.

Cattani considerou legítima a iniciativa de Pivetta, que determinou a apuração dos fatos, e criticou o vazamento do relatório da Controladoria-Geral do Estado (CGE), que era sigiloso e ainda estava em fase de apuração. Para ele, a divulgação indevida gerou um julgamento precipitado de deputados estaduais, mesmo sem qualquer citação formal a seus nomes.

A denúncia ganhou ampla repercussão após reportagem publicada pelo portal UOL, que apontou um relatório da Polícia Civil (baseado na apuração da CGE) e indicou que 14 deputados estaduais destinaram emendas parlamentares ao convênio que garantiu a aquisição dos kits. O caso levou a Assembleia Legislativa a convocar o controlador-geral do Estado, Paulo Farias, que, em audiência, esclareceu que nenhum parlamentar foi citado nominalmente no relatório preliminar da CGE.

Em entrevista nesta quarta-feira, Cattani reforçou que Pivetta não agiu de forma incorreta ao encaminhar a denúncia para análise. “Ele é um gestor público. A denúncia chegou até ele. Se a denúncia chegou, ele tem a obrigação de passar adiante. Eu não vejo que ele tenha feito alguma coisa de errado. O que está errado é o vazamento depois disso e como foram conduzidas essas questões aí, onde coloca os deputados como já investigados ou criminosos. O povo do Mato Grosso hoje vê os 14 deputados como ladrões, né? Isso que ficou ruim. Isso é que nós temos que combater.”

Segundo o parlamentar, o simples repasse de emendas não implica responsabilidade direta pela execução do convênio. “A questão de você receber, como gestor público, uma denúncia e levar isso adiante tá correto, não tá errado, não. Isso eu acho.”

Cattani finalizou reafirmando que destinou recursos via emenda, mas negou qualquer envolvimento com o processo licitatório ou com a contratação de fornecedores. “E outra: eu encaminhei. E qual é o problema? Emendas. Eu não sou responsável por fazer tomada de preço, fazer licitação ou contratar empresa. Eu nem sei que empresa que é que foi colocado lá. Então é um absurdo a maneira como foi colocado”, disse.

Setembro de 2024

A investigação quanto à esquemas na Seaf resultou na operação Suserano, em setembro de 2024, e resultou no afastamento do então secretário da Pasta, Luiz Arthur de Oliveira Ribeiro, o Luluca. O relatório da PJC, que foi apontado pela reportagem do Portal UOL, seria um desdobramento dessa investigação. A delegada responsável pelo documento também deverá ser convocada pela Casa de Leis para prestar esclarecimentos quanto à citação dos nomes.