NOVO VLT?
Dilemário alerta que Consórcio CSMobi terá lucro garantido e Cuiabá arca com prejuízo bilionário
Patrícia Neves

O vereador Dilemário Alencar (União) usou a tribuna da Câmara de Cuiabá, nesta quinta-feira (3), para alertar para o que classificou como um dos contratos mais lesivos já assinados pela Prefeitura. Segundo ele, o acordo firmado entre o Executivo e o consórcio CSMobi, responsável pelo estacionamento rotativo e pela construção do novo Mercado Municipal Miguel Sutil pode gerar um prejuízo superior a R$ 1 bilhão aos cofres públicos em 30 anos.
“Esse contrato é uma espécie de novo VLT. A Prefeitura se comprometeu com aportes milionários mensais que só aumentam com o tempo. A população paga para estacionar, e a Prefeitura ainda banca a empresa com recursos da Fonte 100. Um verdadeiro negócio da China, mas só pra CSMobi”, disparou.
Dilemário explicou que o contrato, firmado na gestão do ex-prefeito Emanuel Pinheiro, iniciou com um aporte mensal de R$ 675 mil, valor que sobe progressivamente até atingir R$ 1,9 milhão no quinto ano. O total líquido estimado é de R$ 650 milhões, mas, com as correções previstas em contrato, o montante ultrapassa R$ 1 bilhão.
Para o parlamentar, a estrutura do contrato garante lucro certo à empresa, sem que ela assuma qualquer risco. “Além do estacionamento rotativo, a CSMobi vai construir o Mercado Municipal com o dinheiro do aporte público e depois explorar o local, cobrando pelos boxes e pelo estacionamento interno. A empresa ganha dos dois lados”, criticou.
Dilemário também apontou falhas graves na operação do sistema de estacionamento. Segundo ele, não há cobrança fracionada de tempo e o sistema começou a funcionar sem o mínimo de estrutura tecnológica. “Nem QR Code nas placas havia. Só colocaram depois que cobramos. É um serviço caro, mal feito e que lesa o cidadão cuiabano.”
Emanuel no dia 7
O ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, deverá ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da CS MOBI no próximo dia 7 de julho, às 9h da manhã na Câmara Municipal. A intimação foi feita pelo presidente da CPI, vereador e policial federal Rafael Ranalli (PL).
Ranalli que é presidente da CPI, acatou a solicitação do vereador Dilemário Alencar (União Brasil), que requereu a intimação do ex-prefeito para prestar depoimento. Após deliberação conjunta com a vereadora Maysa Leão (Republicanos), a medida foi oficialmente determinada.
A comissão investiga a Parceria Público-Privada (PPP) firmada por 30 anos entre a Prefeitura de Cuiabá e a empresa CS Mobi Cuiabá, responsável pela operação do estacionamento rotativo da Capital.
Até o momento, a CPI já ouviu o ex-procurador-geral do Município, Benedicto Miguel Calix; os fiscais de contrato da época; o gerente geral da CS Mobi, Kenon Mendes de Oliveira; técnicos da área; a ex-secretária da Semob, Regivânia Alves; e permissionários do Mercado Municipal. Também foram realizadas duas visitas in loco às obras do Mercado Municipal Miguel Sutil.