PREOCUPAÇÃO
Casa Lar em Cuiabá está superlotada e abriga 35 bebês, mas tem verba para apenas dez
Patrícia Neves

Durante sessão na manhã desta quarta-feira (10), na Câmara Municipal de Cuiabá, a vereadora Maysa Leão (Republicanos), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa de Leis, denunciou a superlotação na Casa Lar dos Bebês, onde uma criança de dez meses faleceu na noite de quarta-feira (9). O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que apura, inicialmente, a possibilidade de abuso sexual.
O local onde a criança estava abriga atualmente 35 crianças, mas recebe recursos para atender apenas dez.
Segundo a vereadora, o bebê foi institucionalizado junto com os irmãos após intervenção do Conselho Tutelar, já que são filhos de uma mulher em situação de dependência química. Elias havia passado quatro meses internado no Hospital Júlio Müller, devido a uma cardiopatia grave, e foi acolhido pela Casa Lar após alta médica.
“Esse bebê veio a falecer por conta de uma parada cardíaca. Quando o SAMU chegou, foi constatado que ele apresentava assaduras severas. Está sendo investigado de quem é a responsabilidade por essa situação”, afirmou Maysa Leão.
“Não podemos fingir que as casas lares não estão lotadas. Essas instituições estão funcionando no seu limite. Precisamos discutir com urgência a questão das verbas”, alertou.
Sobre a suspeita inicial de abuso, a vereadora afirmou que recebeu informações da imprensa e da juíza da Vara da Infância e Juventude, Gleide Bispo, que acompanha de perto casos de acolhimento.
De acordo com ela, há indícios de que as lesões já estavam presentes durante o período de internação hospitalar, o que teria levado à descartada parcial da hipótese de abuso sexual. A causa da morte, segundo as primeiras informações, estaria relacionada à cardiopatia, desnutrição e às condições precárias em que a criança chegou à instituição.
Por fim, Maysa reforçou a necessidade de uma discussão mais ampla sobre a rede de acolhimento infantil em Cuiabá e cobrou medidas imediatas. “As crianças, em todas as casas, estão em situação de vulnerabilidade, em locais com pagamentos atrasados desde dezembro e operando sem a mínima estrutura. É urgente o remanejamento de verbas para garantir qualidade e dignidade a essas crianças”, concluiu.