ESPERANÇA
Um ano após incêndio, comerciantes do Shopping Popular citam queda nas vendas e se apegam a esperança de melhorias com inauguração de nova estrutura
Maryelle Campos

Após um ano do incêndio que destruiu o Shopping Popular em Cuiabá, a esperança e a busca para se reerguer após perder tudo persiste até que o novo espaço seja inaugurado, com previsão para abril de 2026.
Em 15 de julho de 2024, o Camelô, como é popularmente conhecido na baixada cuiabana, foi tomado pelo fogo devido ao superaquecimento em uma das bancas. A falha no sistema elétrico não devastou apenas as estruturas de concreto, mas afetou a renda e a vida dos comerciantes, que perderam seus produtos e ficaram sem seu local de trabalho.
Vendedora há 30 anos, Otília Martins, de 65 anos, começou no ramo do comércio para conseguir conciliar o trabalho com a maternidade. “Já passei por vários momentos difíceis aqui, duas enchentes me pegaram e perdi tudo também. É uma luta constante”, relembrou a comerciante, que tenta se erguer pela terceira vez.
De roupa infantil a óculos, maquiagem e atualmente eletrônicos, a vendedora afirmou que as vendas no espaço provisório, feito de containers e coberto por uma espécie de lona, estão melhores, em comparação aos cinco meses em que os lojistas ficaram na avenida Carmindo de Campos.
Para se reerguer, Otília precisou fazer uma vaquinha online. Com apoio de amigos, familiares e clientes, e o dinheiro arrecadado foi usado para comprar novos produtos. Porém, foi necessário fazer também um empréstimo.
“Eu fiz uma vaquinha como muitos aqui fizeram. Muitos clientes me ajudaram, familiares, muitas pessoas que nem conhecia me ajudaram bastante. E isso me deu aquela certeza de que não vale a pena desistir, a gente tem que persistir, né?”, relatou a vendedora.
Outro vendedor que também recorreu a solidariedade foi Euripedes Freire, de 34 anos. Pai de dois filhos, ele cresceu em meio ao comércio da família. Atualmente, no ramo da tecnologia, Eurípedes também perdeu tudo em 2024 e precisou recomeçar do zero, o que impactou diretamente em sua renda, que reduziu após o incêndio.
Apesar de dizer que há bastante gente comprando no espaço improvisado, ele afirma que está com as vendas em baixa e acredita que após a inauguração do novo espaço, o movimento deve subir.
Estrutura Improvisada ou “Barracão”
Alugada pela associação por 1,7 milhão por ano, o espaço improvisado com contêineres para abrigar os lojistas está no estacionamento do Shopping Popular e possui 5.400 metros quadrados. Conforme informações da presidência, cerca de 85% dos lojistas associados estão com suas bancas em funcionamento.
O espaço tem capacidade para 600 bancas e possui 216 contêineres. Para o funcionamento do local, foram investidos R$3 milhões.
O presidente da Associação dos Camelôs do Shopping Popular, Misael Galvão afirmou que durante a semana passam cerca de 20 mil a 30 mil pessoas no comércio, mas o número não é nem metade da movimentação do que costumava ter na estrutura incendiada.
Ao fundo do ‘barracão’ é possível ver que alguns containers ainda desocupados e com proposta de aluguel. Alguns comerciantes ainda estão em tratativas para retornar e se instalar no espaço.
Obras novo espaço
Com 85% das obras concluídas na etapa do pré-moldado, Misael Galvão se emocionou ao falar da nova estrutura. O presidente se agarra à esperança e espera que as obras sejam encerradas até dezembro deste ano.
“Hoje, 85% da obra está concluída na parte cinza, que é o popularmente falado pré-moldado. Já estamos pensando na cobertura, já estamos pensando na parte elétrica, na hidráulica e no contrapiso para entrar na fase final que é o acabamento. Então, a gente tá muito otimista”, explicou Galvão.
À reportagem, Galvão afirmou que é grato aos poderes públicos municipal, estadual e federal, mas que ainda está costurando avanços em linhas de crédito com o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro.