PREOCUPAÇÃO
Abílio diz que 80% dos alunos da rede municipal não sabem nada e anuncia avaliação rigorosa dos professores
Da Redação

O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), anunciou mudanças no sistema de ensino da rede pública da capital. Segundo ele, o Município adotará critérios mais rígidos de avaliação tanto para alunos quanto para professores, com foco na elevação do desempenho escolar. Brunini criticou o modelo vigente, que, segundo ele, obriga professores a aprovarem estudantes mesmo sem frequência ou notas adequadas. Ele anunciou o fim da chamada “promoção automática” e disse que só serão aprovados aqueles que atingirem os critérios estabelecidos. Citou, sem exemplificar onde, que há turmas onde 80% dos alunos nada sabem da língua portuguesa ou matemática.
“A gente sabe que às vezes os professores são obrigados a passarem alunos de série, alunos que não vão para a escola, alunos que não têm nenhum bom desempenho, mas pelo sistema do governo, eles são obrigados a passar esses alunos. Nós não vamos passar esses alunos. Nós não vamos passar.” Hoje, a capital mantém 59 mil alunos distribuídos por 160 unidades escolares.
Para Abílio é necessário ensinar, sem subjetividades. “A Secretaria de Educação está com a obrigação de só aprovar o aluno que tiver a nota correta. Nós não vamos ficar dando nota simbólica, nota A+, A-, nós vamos dar nota de 0 a 10, notas corretas.”
Abílio também informou que os professores serão avaliados por meio de critérios de desempenho e capacitação. Segundo ele, a Prefeitura irá cobrar resultados dos profissionais e abrirá processos administrativos contra aqueles que não cumprirem suas funções de forma satisfatória:
“Nós vamos avaliar os alunos e vamos avaliar os professores também. Queremos saber se esses professores dentro da sala de aula estão sendo qualificados para passar a melhor informação para os alunos. (…) Abriremos até processo administrativo com aqueles que fizerem corpo mole no ensino dentro da sala de aula.”
O prefeito apontou ainda que há salas de aula em que até 80% dos alunos não sabem o básico de matemática ou língua portuguesa. Segundo ele, isso é reflexo de uma educação que muitas vezes não é levada a sério por parte dos educadores. “Tem professores que acham que sala de aula é lugar de brincar. O tempo desses alunos dentro de sala de aula, que está sendo perdido muitas vezes com brincadeiras, e não está sendo levada a sério a qualidade de ensino, está trazendo prejuízo para esses alunos lá na frente.”
Abílio defendeu que a precariedade do ensino público impede o acesso dos alunos às universidades federais, forçando-os a recorrer ao ensino privado com financiamento estudantil. “Lá na frente esses alunos não conseguem chegar na faculdade. Eles vão para a iniciativa privada, com Fies ilimitado para a vida toda, enquanto a universidade pública vai para aqueles que estudaram em escola privada. Nós não podemos tratar isso como normal.”
A avaliação de Abílio é mais um episódio do embate junto aos professores, que cobram o pagamento de 15 dias de recesso (1/3) de férias do período de 2020 a 2024. Sem orçamento, o gestor anunciou que irá cortar despesas da reforma de escolas para que possa pagar os profissionais (apenas de um ano). Os demais, serão parcelados.
“Não tem dinheiro sobrando. Nós recebemos uma prefeitura com R$ 512 milhões de dívidas não empenhadas, R$ 700 milhões de precatórios, R$ 50 milhões de consignados não pagos e R$ 212 milhões de recursos apreendidos de empresas terceirizadas. Nossa dívida de curto prazo é de R$ 1,15 bilhão.”