TARIFAÇO
Buzetti critica uso político da crise com os EUA e diz que Trump “se aproveita da família Bolsonaro”
Patrícia Neves

Em meio à escalada de tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, que resultará em um tarifaço a partir de 1º de agosto sobre produtos brasileiros, a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) fez duras críticas à condução política e diplomática do impasse, e apontou que a crise está sendo usada politicamente pela ala bolsonarista, e até por Donald Trump, para fins pessoais.
Segundo Buzetti, a incapacidade do governo brasileiro de resolver a situação por meio do diálogo internacional acabou abrindo espaço para manobras externas e internas com interesses próprios.
“Como o governo brasileiro não consegue resolver diplomaticamente uma crise ou pelo menos tentar negociar o outro lado acaba se aproveitando da situação, explorando a família Bolsonaro”, afirmou.
As novas tarifas norte-americanas, anunciadas em retaliação a medidas adotadas pelo governo brasileiro, afetam diretamente setores do agronegócio e da indústria nacional. Enquanto o Executivo ainda tenta formular uma resposta, Buzetti alerta que há uma instrumentalização política do episódio. A questão política tem sido apontada como a mais crucial para entender o movimento de Trump. Isso porque o presidente americano, ao anunciar o tarifaço, citou como uma das justificativas para isso os processos que o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado, vem enfrentando na Justiça brasileira.
“O mundo inteiro enfrenta problemas. Isso é comum em vários países. Mas o Eduardo Bolsonaro fica se exaltando, e isso não está certo. Ele está perseguindo brasileiros em nome da família dele, e eu não aceito isso”, criticou a senadora.
Na sexta-feira (25), o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, em vídeo afirmou que a negociação para evitar tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil passa pela anistia ampla, geral e irrestrita, além de adoção de medidas contra o ministro Alexandre de Moraes. Por esse motivo, Eduardo defende que os brasileiros cobrem o presidente Lula e o STF, para que, somente então, os Estados Unidos aceitem negociar.
Para a senadora, os apontamentos servem mais a um projeto familiar do que ao interesse nacional. Ela destacou ainda que o ex-presidente americano Donald Trump teria demonstrado interesse nos minérios brasileiros, o que também levanta suspeitas sobre possíveis benefícios cruzados com a família Bolsonaro.
“Até o Trump demonstrou interesse nos minérios brasileiros, e parece que isso só está sendo usado em benefício da família Bolsonaro. Eles têm seus próprios objetivos, e o Eduardo está envolvido nisso. Eu não aceito que se prejudique um país inteiro por causa de um projeto pessoal”, afirmou.
A senadora reforçou que o momento exige responsabilidade e foco no bem coletivo, criticando tanto o governo por sua passividade quanto os setores que tentam explorar a crise politicamente.
“O governo existe para servir ao povo brasileiro, não para atender aos interesses de uma única família”, concluiu.