Tarifaço dos EUA ameaça setor madeireiro e vai afetar cadeias produtivas inteiras, alerta Mendes

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, afirmou na manhã desta segunda-feira (28), que o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com início previsto para esta quinta-feira (1º), deve atingir em cheio o setor madeireiro do estado. Segundo ele, empresas que destinam até 70% de sua produção para exportação –  especialmente madeira de manejo sustentável – estão sob risco de perdas severas.

“A exportação de madeira será fortemente impactada. São empresas que operam de forma responsável, com extração sustentável, preservando nossos ativos ambientais. Elas sentirão diretamente os efeitos dessa sobretaxa”, alertou o governador em entrevista concedida à Jovem PAN, na manhã desta segunda-feira (28).

Mauro Mendes responsabilizou o ex-presidente norte-americano Donald Trump pela medida, classificando-a como uma decisão equivocada e motivada por questões políticas pessoais. “Trump está misturando política com economia. Ele fez isso com a China, com a União Europeia e agora mira o Brasil. Defende um aliado, mas coloca em risco cadeias produtivas inteiras aqui e até o consumo nos próprios EUA”, criticou.

O governador também não poupou críticas à postura inicial do governo federal brasileiro diante da escalada diplomática com Washington. Para ele, declarações “desnecessárias” e piadas mal colocadas contribuíram para o agravamento da situação. “Houveram deslizes. O governo andou falando coisas que irritaram os americanos, especialmente Trump. Agora estamos correndo atrás do prejuízo, que já é quase certo”, avaliou.

Mendes destacou ainda que, embora setores como o de carnes e grãos também sofram impactos, possuem mais flexibilidade comercial para se realocarem em outros mercados globais. “A carne tem impacto, mas é pequeno. Temos empresas com presença forte em outros países. O etanol, soja e milho sofrerão, mas talvez consigam se ajustar no médio prazo. O setor madeireiro, não – esse será atingido de forma mais dura e imediata”, concluiu.

A sobretaxa anunciada por Trump entra em vigor dia 1º de agosto e não há, até o momento, qualquer sinal de recuo ou carência por parte dos EUA.